“Segundo o Instituto Médico Legal (IML), a vítima teve traumatismo crânio encefálico e politraumatismo grave. O corpo do homem, que aparenta ter entre 40 e 45 anos, permanece sem identificação no IML, situado na Zona Norte da capital. O IML informou que ele tem 1,70 de altura, cabelos lisos curtos e grisalhos, e olhos castanhos.
Segundo a assessoria da Polícia Civil, o motorista do coletivo ainda não foi localizado.”
Assim um portal de notícias informou a morte de um ciclista atropelado por um ônibus na última sexta-feira, por infeliz coincidência, Dia “DE BIKE AO TRABALHO”.
Dois homens sem rosto, sem nome, sem identidade. Um, ciclista, vítima de um sistema que insiste em ignorar uma modalidade de transporte prevista no CTB. Outro, motorista, agora, assassino de um sistema que também insiste em não formar seus motoristas para respeitar os ciclistas.
Pelo que se sabe, a vítima não passeava de bicicleta e nem aderiu ao Dia “De Bike ao Trabalho”. Era um daqueles trabalhadores que a necessidade obrigou a usar bicicleta para economizar o dinheiro do ônibus e talvez para evitar a aporrinhação de longas esperas por um ônibus lotado.
São esses trabalhadores que as autoridades de trânsito e transporte insistem em não querer enxergar, mas que lotam estacionamentos de canteiros de obras com as suas bicicletas.
O mais lamentável é ouvir alguns reagirem à pregação por ciclovias e pelo estímulo do uso da bicicleta como meio transporte com a mesma ladainha de sempre: Manaus é muito quente!
Ora, os deslocamentos ao trabalho são feitos antes das 8h e depois das 18h (o atropelamento foi a noite) quando o clima já é mais ameno. Além disso, ninguém será obrigado a andar de bicicleta por existirem ciclovias. Mas os que usam esse meio de transporte, por necessidade ou opção, têm direito a segurança e respeito no trânsito.
Até quando há de perdurar essa marcha da insensatez que insiste em enxugar gelo na busca por soluções de mobilidade priorizando o transporte individual motorizado? Quantos mais precisarão morrer e matar para que as autoridades enxerguem os ciclistas?

