Marcelo Ramos cita Tapauá como exemplo do que acontece nos municípios do Estado

O município  de Tapauá, (distante  449 km de Manaus), representa o mesmo cenário, que a maioria das cidades do interior do Estado está vivenciando, de acordo com o deputado estadual Marcelo Ramos (PSB), que visitou o local, no último final de semana.

Entre as situações que presenciou, duas especificamente chamaram atenção do parlamentar: no posto de saúde não havia ninguém para atender, a não ser o vigia e ao procurar o atendimento odontológico, descobriu que há dois anos, a rede pública só faz extração dentária porque o compressor da máquina da cadeira do dentista queimou e ninguém trocou. Na opinião dele, esse é um dos exemplos que configura o Brasil como o “país dos banguelas”. “Isso é uma covardia com a boca da população. O Ministério da Saúde têm recursos específicos para isso, porém o descaso faz com que as prefeituras nãos se habilitem a receber esse dinheiro”, avaliou.

O parlamentar também visitou o hospital da cidade, que passou 16 anos em construção, que de acordo com ele, hoje é bem estruturado. Porém, uma caixa muito grande na portaria despertou sua curiosidade.  Ao questionar a recepcionista, ficou sabendo que eram mamógrafos, que estão no lugar há três meses,  que ainda não foram instalados  porque não existem profissionais que realizem esse trabalho. 

Ramos também descobriu que existem aparelhos para fazer ultrassom, mas que não há médicos habilitados para usá-los. “Esses exemplos são frutos de uma saúde sem planejamento, e que demonstram a falência da política  de saúde, que privilegia o processo exacerbado de terceirização e apadrinhamento de cargos estratégicos e não  a qualidade do gestor, que acaba gerando absurdos como de  equipamentos caros, que não tem profissionais para usá-los”, criticou.

Exemplo de economia extrativista

Um dos locais também visitados pelo deputado, foi uma fábrica artesanal,  que produziu no ano passado mais de 40 mil litros de açaí, o que demonstra, segundo ele,  o potencial da atividade econômica. Ele lembrou que o município está numa região simbólica, que tem boa parte do território  em área protegida e, por isso, poderia desenvolver a produção do açaí, cultura extrativista que precisa da floresta em pé.

“Entretanto, diante da omissão dos governos, que não criam cadeias produtivas para o açaí da região, o município perde a chance de desenvolver uma atividade que poderia  gerar emprego e renda à população”, argumentou.

Para Ramos, é necessário que os governos  estimulem a indústria vinculada as vocações regionais e assim desenvolva a economia nos municípios do interior do Estado. Ainda segundo o parlamentar, existe em várias cidades uma economia extrativista e sustentável do ponto de vista ambiental até porque a indústria extrativista precisa da floresta em pé.

“O  Estado precisa trazer esse  tipo de atividades para formalidade, garantindo  que gere receitas para  o município.  Há nem todo o Estado uma economia invisível que é a informalidade, mas que o  Estado fecha os olhos e não permite que se desenvolva e distribua rendas”,  disse, completando que há no Estado potencialidade humanas, sociais e econômicas reprimidas por culpa dos gestores que governaram o Amazonas nos  últimos 32 anos.