A proposta do Instituto ALGUEM é estimular a autoestima dos pacientes por meio de uma galeria de fotos de pessoas que tiveram de raspar os cabelos por causa da doença.

Manaus – O Instituto ALGUEM iniciou uma mobilização na internet para selecionar fotos de pessoas que tiveram de raspar os cabelos por causa do Câncer, a fim de fazer uma galeria, estimular a autoestima de quem tem a doença e dar força para encarar o tratamento.
A iniciativa vem após a polêmica envolvendo a atriz Marina Ruy Barbosa, que interpreta a personagem Nicole na novela ‘Amor à Vida’, da Rede Globo. Na trama, a atriz teria se recusado a raspar os cabelos.
Para manter os novos rumos, o autor Walcyr Carrasco se viu obrigado a alterar a história, quando a personagem morre no dia de seu casamento.
“Não há comparação entre perder os cabelos e a luta”, disse Carolina Coelho, criadora do Instituto ALGUEM. “Acredito que o assunto deveria ter sido abordado de maneira mais responsável e respeitosa, menos negativa”.
A Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia (Abrale) emitiu nota sobre o linfoma de Hodgkin tipo 4, dado como diagnóstico para a personagem Nicole, informando que apesar de raro, o linfoma em 60% dos pacientes diagnosticados com esta doença se curam.
O tratamento é realizado por meio de quimioterapia e/ou radioterapia, e o transplante de medula óssea são indicados para quem não responde às terapias iniciais.
Para participar da galeria das pessoas que lutam para viver, a entidade pede que os pacientes enviem fotos para simone@alguem.org. “Se você assume ou assumiu sua careca, participe. Se a Nicole não Ama a Vida, nós amamos e faremos a galeria mais linda da internet”, diz comunicado na página do Instituto ALGUEM.
Histórias
Em meio de muitas polêmicas, as histórias de superação sempre são as mais relevantes e inspiradoras. É o caso de João Benacon, 15, que contou com o apoio dos amigos para superar o momento difícil da doença e a perda dos cabelos.
Aos 12 anos, João foi diagnosticado com Sarcoma de Ewing e passou por vários ciclos de tratamento. Durante a primeira fase, quatro amigos, sem conversar com os pais, rasparam a cabeça para encorajar o amigo.
“Eles não tinham a ideia da gravidade da doença, mas foi um gesto bonito e meu filho, que antes estava deprimido, ficou empolgado”, contou a mãe de João, Gracélia Oliveira. “Depois as mães se sentiram orgulhosas pelo gesto tão expressivo e cheio de significado para o João”.
O mesmo se repetiu após o tratamento em São Paulo. Ao chegar ao colégio, não só os quatro, mas outros colegas haviam repetido o gesto grandioso.
Hoje, o adolescente tem que voltar a São Paulo a cada seis meses, mas a mãe conta que ele tem uma vida normal e sempre está ao lado dos amigos.
Já a gerente de marketing do Instituto ALGUEM, Simone Mozzilli, teve câncer de ovário, mas antes de ser diagnosticada e antes de ser integrante do Instituto, já acompanhava a rotina de quem estava internado no hospital paulistano A. C. Camargo, referência no combate ao câncer.
Ela confessa que teve medo da morte, mas pela convivência com outras pessoas sabia o que iria enfrentar.
“A gente não tem muita escolha, tem que enfrentar e nunca vi um comportamento sequer parecido com a personagem da novela”, destacou Simone. “O problema do cabelo é apenas no dia em que raspamos os cabelos, mas tem tanta coisa pra se preocupar que não é nenhuma preocupação”.
Ela, então, resolveu assumir ‘a careca’, nada de lenço, acessórios e afins. “Se as crianças que eu via todos os dias estavam naquela situação, por que eu não poderia passar pelo mesmo?”, questiona.
Exemplo internacional
O ex-presidente dos Estados Unidos George H. W. Bush raspou a cabeça em sinal de solidariedade com o filho de um de seus seguranças, que sofre de leucemia.
Bush, de 89 anos e presidente de 1989 a 1993, seguiu o exemplo dos agentes do Serviço Secreto – a polícia de elite que protege o presidente e ex-presidentes dos EUA – comovidos com a história do jovem Patrick, de dois anos, cujo tratamento implica a perda de cabelo, contou seu porta-voz Jim McGrath.