Na última quarta fui com a minha esposa assistir ao jogo do Nacional. Comprei nossos ingressos na arquibancada e para evitar mais um carro na rua em um dia que o trânsito estava bem complicado, resolvemos ir andando (pouco mais de 20 minutos de caminhada do Passeio do Mindu até a Arena). Chegando ao estádio encaramos muita desorganização e só entramos com 25 minutos de jogo.
Havia outros políticos no estádio. Cercados de assessores e seguranças. Aquela cena de um homem público cercado de gente e caminhando com um ar de autoridade sobre as demais pessoas chamou a minha atenção e me fez refletir.
Por que um político não pode andar só com a sua esposa até o estádio? Por que um político tem que andar cercado de bajuladores para parecer poderoso? Por que políticos têm que se perder em uma vida social de bebidas e de companhias que só estão ao seu lado por interesse? Por que político não pode dirigir seu carro, fazer supermercado, correr na rua, nadar na ponta negra? Por que político não pode enfrentar fila ou ser revistado ao entrar num evento?
Não! Eu prefiro uma vida comum. Eu prefiro ser um cara que você cruza no supermercado, no shopping, que compra o ingresso de arquibancada pro jogo e vai pro estádio andando com a esposa. Eu prefiro correr ou pedalar na rua com meus amigos.
Nesse processo de distanciamento da classe do política da vida do homem comum está a origem da falta de legitimidade que atinge hoje os políticos.
Como reação a essa crise de legitimidade surgem movimentos de homens comuns criando partidos com bases programáticas na luta contra a corrupção, com uma forte mensagem ética, e na promoção da democracia participativa como modo de neutralizar a corrupção dos dirigentes políticos. O melhor exemplo desse movimento vem da Índia, é o Aam Aadmi Party-APP (Partido do Homem Comum), mas podemos citar também o Partido 25 de Abril de Portugal ou a REDE SUSTENTABILIDADE, no Brasil.
Fica a reflexão. Por que temos que ser governados por gente que faz tanta questão de parecer diferente de nós?

