Eles não me representam…

Por Marcelo Ramos:

A tentativa do Governo Federal e seus aparelhos estudantis e sindicais de dar uma resposta às grandiosas manifestações dos últimos dias, só serviu para confirmar duas coisas que só eles insistem em não enxergar: a primeira constatação é de que eles não entenderam nada do que foi dito nas ruas  e a segunda é que eles não têm hoje qualquer representatividade perante o povo brasileiro.

Em junho, mobilizados apenas pelas redes sociais, sem o apoio da grande mídia e sem os ônibus e militantes pagos pelas centrais sindicais, milhões de brasileiros foram às ruas e, questionando o aparelhamento das entidades sindicais e estudantis, exigiram uma refundação da política, com um resgate dos valores republicanos e democráticos.

A reação de setores da esquerda brasileira foi a pior possível.

Quando se esperava uma postura de humildade e aprendizado geradora de um compromisso efetivo com a democratização dos espaços políticos (institucionais, sindicais, estudantis e comunitários) e com a efetivação de uma agenda de austeridade e transparência nos Poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário),  preferiram um oportunista plebiscito para uma reforma política pautada no tripé: financiamento público de campanha, voto distrital e voto em lista.

Não satisfeitos, resolveram reagir e enfrentar os movimentos espontâneos do povo brasileiro com o poderio mobilizador de partidos, centrais sindicais e entidades estudantis. Deram com os burros na água. Nas ruas onde passaram milhões em junho passaram uns gatos pingados agora em julho. O povo que se sentiu representado por aqueles jovens de cara de pintada e cartazes nas mãos em junho, ignorou os arcaicos “líderes” sindicais e estudantis.

O que era pra ser uma demonstração de força, virou a marcha fúnebre do movimento sindical e estudantil brasileiro, carregando no caixão o aparelhamento das entidades e até o banditismo que tomou de assalto boa parte do movimento sindical brasileiro.

O povo brasileiro disse em alto e bom som aos que se autoproclamam líderes sindicais e estudantis: vocês não me representam!