O ex-governador Eduardo Braga ganhou fama de ser um político de grandes obras. Debrucei-me nos últimos dias em estudar a variação orçamentária nos seus 8 anos de governo e confrontá-la com os índices sociais no mesmo período.
Vamos aos resultados.
No primeiro ano de governo de Eduardo Braga (2004) o Orçamento Executado foi de R$ 4.515.371.358,39 (Fonte: Diário Oficial do Estado do Amazonas, dia 15.04.2005 – Anexo 12). No último ano (2010) o Orçamento Executado foi de R$ 10.506.671.248,34 (Fonte: Diário Oficial do Estado do Amazonas, dia 31.03.2011).
Ou seja, nos 8 anos que o Amazonas foi governador por Eduardo Braga o orçamento cresceu mais de 100%, passado de 4,5 bi para 10,5 bi.
Com um crescimento tão expressivo do orçamento do Estado era de se esperar que no mesmo período houvesse significativa evolução nos índices sociais e qualidade dos serviços públicos.
Não foi o que aconteceu!
POBREZA. Em 2010 o Amazonas chegou a 648,6 mil pessoas vivendo na extrema pobreza, o que equivale a 18,6% da população, índice que é o dobro da média nacional (IBGE. Censo 2010).
VIOLÊNCIA. Em 2004, o Amazonas tinha 16,9 homicídios por 100.000 habitantes. Em 2010, passamos para 30,6 (Mapa da Violência 2012). Para se ter uma ideia, esse índice é mais de 3 vezes o índice médio do Afeganistão que é de 9,9.
SAÚDE/MORTALIDADE INFANTIL. Em 2010, 25,2 de cada 1000 nascidos morriam antes de completar 5 anos. Eduardo Braga deixou o Amazonas com a 4ª maior taxa de mortalidade na infância.
EDUCAÇÃO. Em 2010 o IDH-Educação do Amazonas era 0,561 nos colocando como 21º entre os 27 Estados da Federação.
De 2010 pra cá, com a continuidade da mesma política, agora capitaneada por Omar e Melo, chegaremos ao final de 2014 com um Orçamento Executado de mais de 15 bilhões de reais, mas nossos índices sociais seguem vergonhosos.
Os que governaram o Amazonas nas duas últimas décadas enriqueceram os cofres do Estado, mas aprofundaram a pobreza e degradaram gravemente os serviços públicos.
Temos uma bela ponte, uma arena espetacular, um grandioso festival de opera. Mas seguimos sem infraestrutura para a atividade produtiva, sem remédios e com pacientes pelos corredores dos hospitais, com milhares de crianças fora da escola, professores mal remunerados e desvalorizados nas suas carreiras e, como uma das consequências, seguimos com mais de 600 mil amazonenses vivendo na miséria.
A frieza dos números, tanto quando a dor das pessoas, demonstra que os políticos das grandes e questionáveis obras, são os mesmos que deixaram de fazer as obras que a população espera. Aquelas que oferecem saúde, educação e que permitem o desenvolvimento da economia gerando e distribuindo riqueza.
São duas décadas de mentiras e engodos que agora serão desmascaradas, mostrando a face incompetente, corrupta e irresponsável socialmente dos que colocaram o Amazonas a serviço de seu enriquecimento pessoal e de alguns poucos.
Chegou a hora de um governo que se importe e construa o que realmente muda a vida das pessoas. E o que muda a vida das pessoas não é ponte de um bilhão ou arena de 700 milhões. O que muda a vida das pessoas é hospital, leito, médico, remédio, escola, salário de professor, incentivo à produção rural, trânsito mais humano, transporte coletivo decente, polícia bem equipada, bem treinada, valorizada profissionalmente.
O que muda a vida das pessoas é transparência, bom uso do dinheiro público, eficiência na administração.

