Os que acompanham os meus artigos com regularidade devem ter percebido que não tenho tido muito entusiasmo para escrever sobre política. Tenho preferido os temas comportamentais e que falam de família e da vida. Mas hoje estou obrigado a tratar de dois acontecimentos que envergonham a todos que, como eu, lutam pra fazer da política o instrumento de construção da justiça social e de promoção do bem comum.
A Câmara dos Deputados vergonhosamente manteve o mandato do deputado federal Natan Donadon condenado, pelo STF, por peculato e formação de quadrilha. Com a decisão dos deputados federais, protegidos pelo manto obscuro do voto secreto, hoje temos no Brasil um presidiário deputado, talvez a demonstrar que devêssemos ter muito mais deputados presidiários.
Já na ALEAM, o caso do superfaturamento do edifício garagem é enfrentado com cinismo. A Mesa recebe a denúncia, repassa pra Comissão de Constituição e Justiça, que devolve pra Mesa, que manda de volta pra CCJ, que manda pra Comissão de Ética, que envia pra Corregedoria, cujo corregedor é o próprio investigado, que devolve pra CCJ, que finge não saber o que fazer com a denúncia.
No caso da Câmara dos Deputados a maior vergonha é o voto secreto que protege uma canalha de deputados cúmplices de um corrupto encarcerado.
Na ALEAM, a situação é tão grave quanto. Não estou falando de confirmar ou não as denúncias de superfaturamento nas obras do Edifício Garagem, estou falando de investigar. Porque não investigar, não permitir que a decisão sobre quebra de decoro seja levada ao Plenário, esconde da sociedade o posicionamento de cada um dos deputados.
Depois não entendem porque a sociedade olha com tanta desconfiança e descrédito para a política. Depois não entendem porque jovens saem às ruas com tanta indignação. Depois querem respeito. Quem age assim, não merece respeito!
Depois não reclamem quando o povo voltar às ruas e dessa vez radicalizar ainda mais as manifestações. Ainda é tempo de corrigir os rumos…