A minha primeira Copa, que eu assisti à moda antiga, foi a de 1958. Tinha eu onze anos. Os de hoje não vão entender, mas Manaus era uma cidade pequena. “Assisti” a Copa pelo rádio do meu pai. O que já era um status. Quem tinha rádio juntava a vizinhança. E quem tinha rádio e antena, como o tio Delfim, pai dos meus amigos Delfim, Domingos, Jorge e Labib, filhos da tia Vitória, tinha mais status ainda. E onde sempre nos anos 50 nós, meu pai, Joaquim, minha mãe, Safira, eu e minha irmã, Bibi, íamos no último dia do ano ouvir a corrida de São Silvestre, pois só tivemos televisão no final dos anos 60 e transmissão direta e a cores só em 1974, graças ao Seo Kaled e a D. Sadie, Seo Airton Pinheiro e o Dr. Phellipe Daou.
Pois foi ao lado meu pai, meu querido e saudoso Joaquim, lá na Rua Dez de Julho, 891, que eu ouvi a minha primeira Copa, a de 1958, a primeira que o Brasil ganhou. E onde Pelé desabrochou.
Hoje, tudo em 3d, com multi câmeras é tudo mais bonito, mas foi via rádio que ouvi com muita emoção a vitória na Suécia em 58.
Ao contrário de hoje, o Brasil tinha um time de jogadores que jogavam no Brasil. Todos eles. Sabíamos na ponta da língua o time titular no esquema 4-2-4.
Era:
Gilmar;
Djalma Santos, Bellini, Orlando e Nilton Santos;
Zito e Didi;
Garrincha, Vavá, Pelé e Zagalo.
Basicamente essa seleção era formada por três clubes: Santos, Botafogo e Vasco.
Hoje os tempos são outros. Nossa seleção joga fora do país. Os recursos tecnológicos são fantásticos, mas o Brasil inteiro está junto e unido pela conquista do Hexa.
As outras coisas, todas elas muito delicadas, trataremos depois.
Como dizia o Nelson Rodrigues, afinal, somos a pátria de chuteiras.
Vamos em frente na minha 15ª (2014) Copa com o mesmo entusiasmo da 1ª.
E como diz o meu neto: “Vô, vamos que vamos.”