A Secretaria da Receita Federal nasceu em 1968, portanto, tem 45 anos. Antes a administração tributaria federal era uma “loucura” muito maior do que ainda é hoje. Existiam vários órgãos, sendo os quatro principais: Departamento de Arrecadação, Departamento de Rendas Internas, Departamento de Rendas Aduaneiras e Departamento do Imposto de Renda.
Em 1968, através do Decreto nº 63.659 os quatro órgãos viraram um só: SECRETARIA DA RECEITA FEDERAL.
Para implantar e tocar a SRF nos primeiros momentos houve um concurso, o de Técnicos em Tributação, os famosos TTs, todos do melhor nível, que entraram no serviço público com um salário diferenciado: eles ganhavam por mês o equivalente a um Fusca, o carro popular da época. Foi disputadíssimo. Concurso nacional. Aqui do Amazonas a alegria de ver um conterrâneo nosso aprovado, creio que foi o único, o Raimundo Martins Mendonça, meu contemporâneo de Faculdade de Ciências Econômicas.
Em 1973, a SRF fundiu as diversas carreiras e passou a existir uma única: a de Fiscal de Tributos Federais.
Em 1976, ocorreu concurso nacional para esse cargo. O salário não era mais igual a um Fusca, mas era muito bom. 400 vagas, em todo Brasil. Surgiram 40.000 candidatos.
O concurso aconteceu em um final de semana, sábado e domingo, dias 17 e 18 de julho de 1976.
De Manaus, passaram 10 candidatos. Dentre outros, Silvia Diniz (5º lugar, em todo o Brasil, orgulho da nossa turma), Francisco Ednaldo Paes Guimarães, eu e Milza Gomes.
Hoje, portanto, faz 37 anos que fiz o concurso da Receita e passei. Dia que merece ser lembrado e festejado.
Em 1977, fui chamado para fazer o curso que, ainda, era eliminatório. Ou seja, ser aprovado no concurso significava apenas que você tinha direito a fazer o Curso na ESAF, em Brasília. Se você não fosse aprovado, estava fora. Na ESAF, o regime era de internato, com dedicação exclusiva ao curso. Gente de todo o Brasil, jovens com sonhos de um futuro melhor para si e para o Brasil. Conheci novos amigos dentre os colegas e, também, professores que seriam nossos futuros colegas. Dentre eles, um marcou a minha vida: Professor Hidenburgo Dobal Teixeira, o H. DOBAL, nosso professor de PAF – Processo Administrativo Fiscal- , simples, objetivo, mais sobretudo um humanista.
O curso terminou no final do ano de 1977. Passei, fui nomeado para Brasília e de lá para Boa Vista, depois Manaus. Passei 28 anos da minha vida na Receita Federal, onde me aposentei em 2005 (computei 11 anos de tempo de serviço da empresa privada, perfazendo 39 anos de contribuição) quando assumi a Prefeitura de Manaus.
Na Receita, fui de tudo um pouco. Desde concedente de guia de garimpeiro e vistoriador de caminhões de madeira para exportação destinada à Venezuela, em Boa Vista, até Conselheiro do Conselho de Contribuintes em Brasília, onde encerrei minha carreira.
De todas as atividades que desempenhei duas foram especiais.
A primeira, a partir de 1979 e durante muitos anos, quando passei a integrar o chamado Grupo do PIR/PF, os chamados “pireiros” que tinham como missão organizar o material das Declarações de Imposto de Renda Pessoa Física, quando não havia Internet, nem meio digital. Era tudo no papel. E durante seis meses, de novembro a abril, a Receita virava uma grande Universidade para montar o material e explicar essas regras para a sociedade. Era um trabalho fantástico.
A segunda, a partir de 1980, quando a ESAF abriu edital de seleção para instrutores, eu me candidatei, e fui selecionado aos 33 anos para dar aula de PAF – Processo Administrativo Fiscal – no curso de formação dos novos fiscais e a satisfação de trabalhar tendo como coordenador o professor Hidenburgo Dobal Teixeira, figura singular, amigo, conselheiro e orientador.
Hoje, 37 anos depois de ter dado o primeiro passo da minha vida profissional, a alegria de estar contando esta história e o muito obrigado a todos que participaram de uma forma ou de outra dessa história.