Lutando com porcos!

Por Marcelo Ramos:

A Revolução dos Bichos, obra do inglês Geroge Orwell, é uma fábula sobre poder e corrupção. Relata uma revolta de animais oprimidos, liderados pelos porcos “Bola de Neve” e “Napoleão”, contra humanos opressores.

Para manter o poder, os porcos criam sete mandamentos, depois resumidos em um só de forma a ser compreensivo aos animais menos inteligentes (as ovelhas): “Quatro pernas bons, duas pernas ruins”. Com o tempo a revolução degenera, Napoleão e seus asseclas passam a viver do trabalho dos outros animais, a andar sobre duas patas e as ovelhas são ensinadas a repetir: “Quatro pernas bons, duas pernas melhor”.

Faz algum tempo que li esse livro, mas o enredo me veio à memória quando percebi a forma virulenta como a velha política que governa o Amazonas há mais 30 anos reage a qualquer possibilidade de questionamento da sua dinastia.

Tratam o povo como ovelhas tentando passar a ideia de que só eles são capazes de governar. Tentam levar todos para o chiqueiro em que vivem e onde sabem lutar. Treinam ovelhas dispostas a julgar que todos são iguais a eles.

Não. Nem todos são iguais. Nem todos estão se lambuzando no mar de lama que virou a política. Há homens e mulheres de bem. Desestimulados pelo discurso, as vezes ingênuo, as vezes mal intencionado, de que todos são iguais.

É essa tentativa orquestrada de avacalhar todos da política, como forma de não permitir que a população enxergue o que é joio e o que é trigo, que faz políticos como Luiz Castro, Praciano, José Ricardo, Serafim Correa, refletirem todo dia se vale a pena continuar, que fez homens como Marcus Barros, Sérgio Cardoso e Aloisio Nogueira desistirem e que faz com que figuras como Arminda Mourão, Jaime Benchimol, Tenório Telles, Celdo Braga nunca cogitem um mandato eletivo.

Assim, a cada pessoa de bem que desiste ou não entra na política, mais ela afunda no chiqueiro da corrupção e da mentira.

A atitude de protesto não é a omissão, é uma conduta criteriosa e cidadã. É valorizar os que fazem da política o instrumento da ética e a execrar os porcos.