Tudo, menos covardia e omissão

As pessoas que escolhem a vida pública abrem mão de significativo pedaço do seu direito à privacidade em relação a sua vida particular, mas perdem por inteiro em relação à vida pública. Homens públicos não têm direito de esconder seus bens, seus votos, sua conduta política, ética e comportamental.

O homem público não pode fugir de suas obrigações. Nem das merecedoras de aplausos e elogios e nem daquelas polêmicas, que encontram reação contrária em parcela da população. O tempo, as vezes, cuida de absolver o político que vota uma matéria impopular, mas nunca absolve um político que foge das suas responsabilidades, que corre do dever de decidir as questões da cidade, do estado e do país.

Nessa semana assistimos dois exemplos simbólicos de omissão e covardia.

Na Câmara, vereadores foram acusados de fugir do Plenário para não votar o Projeto relativo à rediscussão da meia-passagem estudantil, numa atitude que esconde sua opinião sobre a matéria e submete a população a uma nefasta obscuridade acerca da postura desse parlamentar.

Na Assembléia, deputados apresentaram subterfúgios para não enfrentar a questão que envolve um dos seus pares, confundindo decoro parlamentar com responsabilidade penal. Homem público que se envolve com bandido e com o crime organizado, isso parece que ninguém mais tem dúvidas, não precisa cometer crime para ofender o decorro parlamentar, pois com tal conduta envergonha o Parlamento.

O único caminho para combater a omissão e a covardia que envergonha nosso parlamento é ampliar os mecanismos de transparência da atividade política de deputados e vereadores, publicando todos os seus votos e atos no exercício do mandato e punindo exemplarmente os que fogem do seu dever de votar e de assumir suas responsabilidades.

O povo perdoa tudo, tem perdoado, equivocademente, por vezes, até atos de improbidade e corrupção, mas nunca a omissão e a covardia.

Se homens públicos não assumirem suas responsabilidades com o povo, vão todos acabar como o Prefeito na comemoração da indicação de Manaus como sede da Copa, vaiados efusivamente pelo povo.

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