Vida e morte do Balneário do Parque Dez.

A vida não me permitiu conhecer o Balneário do Parque Dez. Mas as notícias dão conta de que na década de 50 o Balneário era uma das áreas mais badaladas da cidade, foi ali que surgiram romances, amores, amizades, sonhos e esperanças de uma juventude que vivia tempos e valores muitos diferentes de hoje.

O lazer, a paquera, o namoro, a conversa, o amor, a dança, o banho de igarapé, enfim, a vida de uma juventude sem videogames, sem drogas, sem aids, sem a correria dos dias modernos e, o mais importante, com água de igarapé para tomar banho e relaxar.

Esse espaço de saudosa memória para os que hoje chegaram aos 60 anos foi sede de vários órgãos municipais (Secretária Municipal de Meio Ambiente e Fundação Vila Lobos, por exemplo), mas teve seu resgate histórico pela música, quando na gestão do ex-Secretário Municipal de Cultura Tony Medeiros, virou sede da Orquestra Sinfônica de Manaus.

Se o banho de igarapé não pôde ser devolvido à cidade, devolve-se, ao menos, a dignidade do lugar. Aquele que fora um espaço de lazer da juventude de 50, virou o espaço da música para jovens dos anos 2000.

Serafim, que muitas vezes banhou naquele igarapé, devolveu a dignidade àquele lugar. Amazonino que igualmente viveu sua juventude perambulando pelo Balneário do P10, trouxe a tristeza e a vergonha ao local. Acabou com a Orquestra Sinfônica e abandonou um local de saudosa memória até para ele, permitindo o furto de lustres de mais de 70 anos, instrumentos musicais, partituras e até do piso.

Com uma cajadada só, emudeceu o som de meninos e meninas que encontram nos violinos, nos baixos e na música o resgate daquela juventude de 50, perdida nas águas do igarapé que corta o prédio, e deu um tiro de misericórdia no espaço que marcou uma época.

Hoje no que foi o balneário do P10, não há mais o banho de igarapé, a dança, a paquera, que marcaram os anos 50, não há mais a música, os instrumentos, os meninos e meninas, que marcaram os últimos anos. Não há mais esperança! Não há mais luz! Amazonino fechou as cortinas da cultura e da história.

Como o jornal não circulou nas duas últimas sextas-feiras, aproveito para desejar um Feliz 2010 a todos!

Marcelo Ramos é advogado e vereador pelo PSB. www.vereadormarceloramos.com.br

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