O tempo dirá

Mais uma vez as pesquisas comprovam o apoio popular ao presidente Lula e ao seu governo, e o mesmo vale para o PT, que continua o partido da preferência nacional.

A pergunta que nossos adversários conservadores devem estar se fazendo é a seguinte: como explicar que mesmo sob o fogo cerrado de uma campanha sem tréguas contra o governo e o presidente da República, sua aprovação pela maioria dos brasileiros continua firme.

Como o governo não tem sequer a mínima condição de concorrer com a mídia, e como a oposição está em plena ofensiva, a explicação só pode ser uma: o apoio ao governo do presidente Lula é expressão da mudança na vida da maioria dos brasileiros, de todas as classes sociais e faixas de renda, de todas as regiões e posições políticas e partidárias?

É a melhora no nível de vida das pessoas, das famílias e das comunidades que explica esse apoio. É o crescimento do emprego e da renda, a melhora dos serviços públicos e da infraestrutura do país; são os programas sociais; é o prestigio do Brasil e do presidente no mundo. É a vacina que evitou no país a instalação da crise financeira internacional: medidas tomadas pelo governo, principalmente, É a expansão do mercado interno. Por fim, é a falta de propostas e alternativas da oposição, que retoma a velha tentativa de desestabilizar e desgastar o governo com denúncias e apoiada no jornalismo de escândalos.

As pesquisas e a posição do presidente também explicam porque a oposição não quer uma eleição plebiscitária e porque apostarmos em mais de um nome para disputar a Presidência em 2010 seria um erro nosso e de nossos aliados, ainda que seja um direito líquido e certo de todos os partidos lançar suas candidaturas.

E não estou me referindo à de Marina Silva, que apesar de seu compromisso e de sua relação com nossos ideais, deve ser a candidata do PV, um partido aliado da coalizão conservadora PSDB-DEM-PPS. Vale lembrar o entusiasmo e a satisfação com que o anúncio de sua candidatura foi recebido pela mídia, sinalizando para o fim da disputa plebiscitária entre a candidatura que representa o governo Lula e a que nascerá do condomínio demo-tucano. Enfim, a imprensa recebeu tal anúncio, ridículo se não fosse absurdo, como o começo da implosão da candidatura Dilma.

No entanto, me referi mesmo é à candidatura de Ciro Gomes, do PSB, que pode até se tornar realidade, já que depende exclusivamente de uma decisão de seu partido e de suas prioridades: as eleições de governadores em aliança com o PT em Pernambuco, no Ceará, no Rio Grande do Norte e na Paraíba ou a disputa pela presidência da República com candidato próprio.

Uma disputa entre Dilma e o candidato tucano é um plebiscito entre Lula e o PSDB, entre nosso governo e o de Fernando Henrique Cardoso. Já uma disputa com três ou quatro candidatos pode atenuar essa realidade histórica, mas não eliminará o apoio de Lula, do PT e dos partidos aliados à candidatura de Dilma Rousseff, garantindo sua ida para o segundo turno. Nesse momento, ela provavelmente enfrentará o candidato tucano-pefelista, e o país terá que optar entre manter o atual rumo, que tem apoio da maioria dos brasileiros, ou devolver à coalizão conservadora e aos tucanos o governo federal.

Por mais que PSDB, DEM e seus aparelhos de comunicação tentem evitar um confronto com a candidatura que representa a continuidade da mudança promovida por Lula, não haverá alternativa ao país que não escolher entre manter o crescimento econômico com distribuição de renda e a soberania nacional ou voltar aos anos de privatizações e subserviência aos interesses do capital financeiro com sede nos países desenvolvidos.

A força de Dilma não provém somente e principalmente das alianças, mas da força do PT, da liderança de Lula e do apoio popular a seu governo. Logo, qualquer avaliação de que sua candidatura esteja inviabilizada por outras pode até mesmo ser aceita pelo papel e repetida pelos comentaristas, mas não passa pelo teste da realidade e das pesquisas. O tempo dirá.

José Dirceu – advogado e ex-ministro da Casa Civil

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