A Questão da meia-passagem: Respirar e mentir

Para alguns homens públicos mentir é uma necessidade como respirar. Para esses homens, ao acordar, se não contarem pelo menos uma mentirinha, talvez não terminem o dia com vida.

Vejam essa questão da meia-passagem. O Prefeito insiste em dizer que não houve restrições e que agora o estudante tem direito ilimitado. Mentira!

A verdade é que, pela proposta do Prefeito, um estudante que mora a menos de 1 quilometro da escola e que hoje tem direito a 120 passes, passará a ter apenas 16, portanto, perderá 104 meias-passagens. E os estudantes que hoje têm direito a 120 passes no período de férias terão apenas 32, perdendo 88 meias-passagens. Além disso, o estudante perde o direito de pagar em dinheiro na catraca, voltando a ser submetido as antigas filas quilométricas para comprar os passes.

Ao contrário do que afirma o Prefeito, mesmo aqueles que moram a mais de 1 quilometro da escola terão “o direito de tantos passes quanto forem necessários para a realização das atividades estudantis”, portanto, para ir e voltar a escola. Tanto é verdade que a estes serão garantidos mais 16 passagens para “atividades extracurriculares ou complementares”. Ora, se é verdade que o direito é ilimitado, por que garantir passagens extras?

Imagine aquele adolescente que 3 vezes por semana prática esporte na Vila Olímpica e que durante o mês precisa ir 12 vezes e, portanto, utilizar 24 passagens. Após a 16ª. Terá que pagar a passagem inteira! Isso não é redução!?

O debate correto sobre a matéria deve levar em consideração que o estudante não é estudante só quando vai pra escola e sua formação exige uma carga de atividades extra-classe de natureza cultural, esportiva, de entretenimento e de lazer. E ainda de que nada é mais caro que um estudante abandonar a escola por qualquer motivo e, em especial, por falta de dinheiro para pagar a passagem de ônibus.

Enquanto algumas cidades, como Brasília, Cuiabá e Rio de Janeiro, por exemplo, criam condições para o passe-livre estudantil, Manaus retrocede na história ao criar embaraços e limitações para o direito à meia-passagem.

Marcelo Ramos, é advogado e vereador pelo PCdoB. www.vereadormarceloramos.com.br

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