Ana Arraes

Pela revitalização da Bacia do Rio São Francisco

No primeiro mapa do território nacional, produzido em 1502, já aparecia o rio São Francisco, ou o Velho Chico, como ele é carinhosamente chamado pelo povo brasileiro, desde então, sua presença tem marcado de forma significativa os rumos do desenvolvimento nacional. Pela semelhança das características geográficas com o Rio Nilo no Egito, também é chamado de Nilo brasileiro. Num segundo momento do período colonial, quando o povoamento do Brasil concentrava-se quase que totalmente na costa atlântica, o São Francisco foi o guia seguro que conduziu os bandeirantes rumo ao interior, possibilitando a incorporação de longas faixas de terra a oeste do território nacional.

Muitos episódios de expressão na história do Brasil têm-se como referência ou cenário o rio São Francisco. Com cerca de 2 mil e 700 quilômetros de extensão, o Rio cruza cinco Estados brasileiros, espalhando, com suas águas fartas, a riqueza e a vida às populações de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe. Além de banhar 7,52% do território brasileiro, também une as regiões Sudeste e Nordeste. É o responsável pela produção de 95% da energia elétrica consumida na região.

Na época em que a economia brasileira sustentava-se no tripé cana-de-açúcar, ouro e pecuária, o Velho Chico servia de corredor de transporte, onde o gado que pastava em suas margens férteis era levado para alimentar tanto os garimpeiros quanto as populações dos engenhos de açúcar.

Porém, nem sempre é só fartura. Outrora navegável integralmente, hoje em muitos trechos pode ser atravessado a pé. O São Francisco começa a ser poluído há 15 quilômetros de sua nascente, na Serra da Canastra, em Minas Gerais. O equivalente a dois milhões de caminhões de terra são anualmente carregados para a calha principal do Rio, no processo de assoreamento oriundo do desmatamento das margens e da erosão provocadas pela ação do homem. Mais de 80% da vegetação nativa da parte mineira do rio, que contribui com 70% de toda água da Bacia, foram devastados para a produção agrícola, pecuária e carvão vegetal.

A poluição ocorre por diversas fontes, grande parte em decorrência das plantações de soja, que contaminam as águas por causa do escoamento dos resíduos com agrotóxico. Além disso, 95% dos 504 municípios da bacia hidrográfica do São Francisco não têm rede de esgoto, despejam seus dejetos urbanos diretamente nas águas do rio, que destrói a fauna e a flora circunvizinhas.

A bacia do Rio São Fransico percorre 2.700km, é a terceira maior do Brasil e a única totalmente brasileira. A bacia do São Francisco é dividida em quatro regiões: Alto São Francisco, das nascentes até Pirapora em Minas Gerais; Médio São Francisco, entre Pirapora e Remanso na Bahia; Submédio São Francisco, de Remanso até a Cachoeira de Paulo Afonso, ainda na Bahia e Baixo São Francisco, de Paulo Afonso até a foz no oceano Atlântico. Há um condensamento populacional ao longo das margens do Rio dependente social e economicamente dele.

Finalmente, grande parte dos graves problemas sociais e econômicos que recaem sobre a população pobre do Nordeste provêm da questão estrutural representada pela falta de água. Dados recente apresentam 68% do semi-árido brasileiro em processo de desertificação, esta Região contém a maior população do mundo vivente em situação geográfica próxima ao deserto, ao mesmo tempo em que aloja 33% da população brasileira, detêm apenas 3% da água doce do Brasil, dos quais 70% emanam do rio São Francisco.

Portanto, não posso deixar de reconhecer e parabenizar a iniciativa do meu companheiro de PSB, o Senador Antônio Carlos Valadares em propor a PEC de revitalização da Bacia do São Francisco.

Ana Arraes é deputada federal pelo PSB de Pernambuco

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