Tudo bem no ano que vem?

Por Demóstenes Torres, no Blog do Noblat:

O Brasil acaba de fechar ciclo auspicioso da sua história. A democracia é definitiva e conseguimos imprimir oito anos sem crise econômica, ainda que em 2009 tenha havido recessão por conta das turbulências do sistema financeiro global. Daí a entender que o legado da Era Lula seja o País perfeito há uma enorme distância ou clamorosa ilusão.

2011 vai começar com os problemas de sempre: o caos nos aeroportos, a debilidade da moral pública, os péssimos indicadores educacionais e a falta de política de segurança pública. Também é ocasião para renovar os anseios de um Brasil responsável que realize, por exemplo, as reformas tributária e política.

Caberá ao novo governo dar o impulso necessário para que o processo legislativo seja encaminhado ainda que permaneçam incógnitas as reais pretensões da nova presidente sobre esses e tantos outros temas relevantes. Não é sabido, quais serão os rumos da política externa daqui para frente. Vai ser reeditado o queridismo diplomático em relação ao terceiro mundo ou o Brasil passará a agir no cenário internacional com protagonismo?

Foi aparentemente sinal de afirmação política afrontar os Estados Unidos quando o Itamaraty bajulou ditadores e conferiu apoio a regimes autocráticos, como ocorreu com a Venezuela e o Irã, quando na verdade as iniciativas revelaram completa falta de pragmatismo. A boa diplomacia é aquela que se converte em negócios vantajosos e projeta os interesses do País de acordo com a dimensão do poder nacional.

Vai ser fundamental ao crescimento brasileiro ampliar a participação no comércio mundial e principalmente diversificar a pauta de exportação com produtos de maior valor agregado. Vender commodities é importante, mas se trata de um modelo inaugurado no pacto colonial e que gera mais dependência aos humores do mercado. Hoje o País corre sério risco de desindustrialização, sintoma reconhecido pelo próprio governo, e precisa urgente remover os obstáculos institucionais que impedem a competitividade do produto brasileiro a exemplo da extorsiva carga tributária, da baixa taxa de investimento, da excessiva burocracia e dos gargalos da infraestrutura.

O Brasil atuou em alguns foros internacionais inúteis, como a Unasul, em vez de afirmar a sua real liderança no subcontinente da América do Sul em relação a questões políticas importantes, como a quebra dos estatutos democráticos em vários países fronteiriços. Por outro lado assentiu que vizinhos problemáticos violassem regras contratuais em prejuízo dos nossos interesses econômicos como se a tolerância com as indisposições da Argentina no Mercosul e da Bolívia quanto à Petrobrás fizessem parte do pacto de integração dos povos sofridos da América Latina. Certamente, grande balela histórica.

No ponto de vista ambiental, o País tem muito o que fazer além de conter o desmatamento da Amazônia. Se quiser assumir posição decisória no tratamento das mudanças climáticas, o Brasil precisa resolver os problemas comezinhos como a baixíssima cobertura de saneamento e desenvolver tecnologia para estar à frente das demandas por energia renovável. Em 2012 vai se realizar a Conferência Rio+20, ocasião em que poderemos realmente liderar o grande acordo global que não se realizou com o Protocolo de Kyoto.

Temos também na agenda do próximo quadriênio a Copa do Mundo, assunto que até o momento foi tratado com grande regozijo e escassa providência, tanto é verdade que virou recorrente a manifestação da FIFA sobre o atraso nas obras de infraestrutura, da reforma dos estádios e dos equipamentos turísticos.

O mais prudente é conservar otimismo responsável em relação ao próximo ano, que vai começar com cenário externo temerário e risco de inflação por aqui.

A todos os leitores do Blog do Noblat desejo um 2011 fantástico e que este seja o melhor ano de todos os tempos.

Demóstenes Torres é procurador de Justiça e senador (DEM-GO)

One thought on “Tudo bem no ano que vem?

  1. Serafim,
    por favor, me responda uma pergunta que não se cala. Por que diabos vc, publica em seu admirado blog pessoas do DEM para denegrir e debochar de nosso governo e da nossa presidente? Você não é aliado desse governo também? Pois uma coisa é vc fazer críticas ao governo do PT outra é botar os DEMoníacos para fazer essas “críticas”.

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