Amazonino é vaiado em evento com presidente Lula

Do portal D24AM:

Prefeito recebeu vaias durante a inauguração do Conjunto Cidadão 12, que foi inaugurado sem infraestrutura completa para a visita do presidente Lula, nesta sexta-feira.

Manaus – A falta de infra-estrutura no conjunto Cidadão 12, inaugurado às pressas na noite desta sexta-feira (26) com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do governador Omar Aziz (PMN), do senador eleito Eduardo Braga (PMDB) e de outros políticos que acompanhavam a comitiva presidencial, resultou em vaias da população ao prefeito Amazonino Mendes (PTB). Amazonino foi o primeiro a discursar na solenidade de inauguração do conjunto, localizado na zona Norte de Manaus, e recebeu a ‘ira’ das pessoas que estavam no local esperando há duas horas.

De acordo com moradores ouvidos pelo Portal D24am poucos minutos após a solenidade, o motivo das vaias foi por conta, principalmente, das dificuldades diárias enfrentadas pela população com o transporte coletivo e, ainda, a falta de policiamento no local. A manicure Susete Guimarães, de 38 anos, diz que apenas três linhas atendem o conjunto e outras localidades das imediações. “Por que fizeram isso com o Amazonino? Porque ele anda de carro e nós de ônibus. Levamos três horas esperando”, reclamou a moradora.

Ela citou ainda a falta de policiamento no bairro, que na noite de inauguração desta sexta-feira estava repleto de viaturas da Polícia Militar e Guarda Civil Metropolitana. “Outro problema aqui é falta de policiamento. Temos muitos roubos aqui”, contou a moradora, sem saber que a Segurança Pública é de responsabilidade do Estado.

Quem também reclamou foi a moradora Sirley Mendonça, que chegou a organizar um abaixo-assinado com 400 assinaturas e que foi enviado à Prefeitura. “Nós fizemos um abaixo-assinado pedindo ônibus para a Prefeitura. Estamos esperando”, contou.

Vaias

O prefeito foi interrompido pelo menos por três vezes enquanto tentava discursar. “O negão vai pedir licença para falar”, disse Amazonino, em uma das ocasiões. Mais adiante, ele admitiu o constrangimento. “Um homem como eu, que tem história, não merece ouvir isso. Nunca na minha vida sofri este tipo de constrangimento”, reclamou. O prefeito chegou a dizer que faria uma pesquisa para avaliar sua popularidade. “Se a população não me quiser mais, eu saio da Prefeitura”, disse.

As vaias do público só abrandaram quando o presidente Lula se levantou e se posicionou ao lado do prefeito. Após a tentativa de discurso, o presidente Lula tentou amenizar a situação. “O seu primeiro ano na Prefeitura foi difícil, porque você trabalhou com o orçamento feito pelo antecessor. Só agora que você trabalha com o seu orçamento. Não precisa de pesquisa. Trabalhe e daqui a um ano as coisas vão melhorar”, disse o presidente Lula.

Pesquisa de popularidade

Ao fim do evento, Amazonino voltou a se posicionar sobre o incidente das vaias. “Nunca, na minha visa pública, eu sofri um vexame como esse, principalmente na frente de um presidente da República. Sou um homem idoso. Se o povo não me quiser, eu vou-me embora. Não espero o fim do mandato”, disse, que também defendeu a ideia de realizar uma pesquisa de avaliação de popularidade. “O mais rápido possível eu vou fazer. Se eu perceber que o povo não me quer, não tem por que esperar fim de mandato. Nenhum mandatário pode ser desrespeitado e ficar de cara limpa. Mas isso aqui não é a cidade, é um grupo de pessoas”, argumentou.

Além dos problemas de transporte coletivo e falta de policiamento contados pelos moradores, o novo conjunto ainda padece de finalização de serviços de interligação de energia e calçamento. No total, são 800 novas moradias no conjunto, totalizando R$ 23,5 milhões. Ainda estão previstas a construção de três outras etapas de casas populares, com 1.824 unidades, de acordo com o Ministério das Cidades.

Inauguração das usinas de gás

Mais cedo, o presidente Lula participou da inauguração das usinas termelétricas de Tambaqui , com capacidade de 95 MegaWatts, Jaraqui, de 76MW e Manauara, de 85MW – todas interligadas com o gasoduto Coari-Manaus. Durante o discurso, Lula disse que jamais havia prometido a construção do gasoduto. “Nunca prometi o gasoduto no Amazonas em campanha alguma. O que prometi foi estudar a possibilidade de construção”, afirmou.

O presidente agradeceu ao ex-governador Eduardo Braga (PMDB), a quem disse ter feito parceria “fantástica” durante deu mandato. Ao governador Omar Aziz, Lula pediu que mantivesse a parceria feita entre ele, Lula, e Braga, com a gestão da presidente eleita Dilma Rousseff. “Vocês não vão se arrepender de ter eleito a primeira presidente do país”, afirmou.