Uma análise técnica

Sobre os conflitos existentes em todo Brasil entre as alianças nacionais e estaduais, o ex-Prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, postou em seu Blog o interessante texto que pelo seu conteúdo reproduzo abaixo:

RAZÕES DOS CONFLITOS ENTRE ELEIÇÕES ESTADUAIS E PRESIDENCIAL!

1. A Constituição Brasileira cometeu um equívoco em relação ao calendário eleitoral ao fazer coincidir todas as eleições estaduais -para governador, deputados estaduais e senadores- com a eleição presidencial. No afã de simplificar o calendário eleitoral, produziu dezenas e dezenas de conflitos, que são agravados num país continental e federado. É caso único no mundo em país federado.

2. A lógica constitucional do estímulo ao pluripartidarismo, com eleições em dois turnos, era que todos os partidos pudessem assumir sua própria identidade no primeiro turno, coligando-se no segundo turno. Recentemente, as eleições regionais francesas foram exemplo disso, e com um naipe menor de partidos.

3. É natural que as circunstâncias políticas regionais, num país como o Brasil, não coincidam com as razões da eleição presidencial. A coincidência de eleições cria um quadro artificial e muitas vezes forçado de alianças. Em quantos Estados sobreviveriam essas mesmas coligações, se as eleições não fossem coincidentes? É natural também, pela importância, que prevaleçam os interesses da eleição presidencial. Aliás, Lula tem dito isso, e forçado soluções estaduais, todos os dias.

4. Porém, nem sempre essa sincronização é harmônica. E mais grave, pode distorcer as representações dos deputados em nível estadual e federal, na medida em que os candidatos a governador competitivos, e seus números, criam cadeiras de deputados naturalmente. E, por outro lado, a ausência de candidatos e seus números, de outros partidos, reduzem suas representações. E então entra nas coligações uma aritmética eleitoral que pouco tem a ver com a lógica política: se quer apoio, então eu quero isso, aquilo, tempo de TV, etc.

5. Fazendo um repasse por todos os Estados, um a um, em nenhum deles as coligações estão sendo montadas orgânica e harmonicamente. Em nenhum. O que muda é, apenas, a maior ou menor exposição dos conflitos. Se forem graduados, SP é o caso de menor intensidade e MG o caso de maior intensidade. Os demais oscilam nesse faixa. Um problema para o qual não há mais solução, pois mudar a coincidência exigiria redução ou ampliação de mandatos, o que é inexequível.