As línguas indígenas, o Brasil e a Unesco em 2019

Publicado no dia 29/12/2018

“A história da América é também a história de suas línguas, que temos de lamentar quando já mortas, de visitar e cuidar quando doentes, de celebrar com alegres cantos de vida quando faladas”. (Bartomeu Melià – 2010)

Em uma das línguas guarani, o homem denomina sua irmã de (t)xereindy: algo assim como “luz de minha vida”. Já a mulher chama seu irmão de (t)xekywy, em livre tradução “aquele que está sempre ao meu lado”. Essa é uma das formas de marcar com léxico específico as relações entre irmãos segundo o gênero e o lugar que ocupam. A antropóloga guarani Sandra Benites, comenta:

– O irmão ampara. E a irmã o ilumina para ele não se perder na escuridão.

Esse modo único de nomear as relações de parentesco e as demais coisas caracteriza cada uma das 6.700 línguas do mundo, das quais 5 mil são indígenas, a maioria em risco de extinção. Elas guardam um tesouro cultural, entre outros, conhecimentos sofisticados sobre o ecossistema, métodos de conservação, segredos de cura, mistérios da vida das plantas, comportamentos de animais e de seres humanos, sistemas de classificação, literatura oral, poesia, cantos –  tudo isso acumulado em milhares de anos e que precisa ser estudado e compartilhado com o mundo inteiro.

No entanto, segundo o irlandês David Crystal, em “A revolução da linguagem”, a cada duas semanas desaparece uma língua, num ritmo acelerado sem precedentes na história da humanidade, o que é dramático e alarmante:

– Uma língua começa a desaparecer quando seus falantes são expulsos de suas terras ou quando a comunidade, por essa e outras razões, perde o desejo de preservá-la. Se uma língua que nunca foi documentada morre, é como se jamais tivesse existido, porque não deixa qualquer vestígio” –  diz Crystal.

All the world

Se o guarani falado em quatro países desaparecer do planeta, ninguém mais chamará sua irmã de “luz de minha vida”, porque essas formas poéticas de ler as relações fraternas também desaparecem. O que significa que a morte de uma língua é tão catastrófica para a humanidade quanto a extinção de uma planta ou de um animal, porque com ela se perdem formas de imprimir sentido às relações e de entender o mundo.

– A língua é sagrada porque guarda o pensamento de um povo. Se eu falo em português a palavra casa, lembro uma construção com paredes, mas na minha língua Yaathé casa é cetutxiá, que significa lugar de sorrir, de paz, de alegria – diz dona Taci, pajé de Águas Belas (PE), onde vivem mais de seis mil índios Fulniô, muitos dos quais já não usam a língua, que a pajé, já falecida, fazia questão de falar sempre dentro de sua cetutxiá. O português, como sua segunda língua, por ter sido aprendida em situação de conflito, não lhe permite criar os sentidos poéticos e afetivos que compõe na sua língua materna.

Como impedir este glotocídio? A ONU celebra o Ano Internacional das Línguas Indígenas, em 2019, quando a UNESCO promove eventos em defesa dessas “línguas em perigo”, consideradas moribundas ou anêmicas, e dará seu aval a governos, organizações indígenas, universidades e centros de pesquisa para realizarem atividades em pelo menos 90 países, onde as línguas indígenas são faladas por 3% da população mundial. E no Brasil?

Brazil out

As línguas indígenas, jamais reconhecidas pelas instâncias do poder, foram reprimidas ou manipuladas em todo o continente americano ao longo de sua história. Perderam falantes que tiveram as terras usurpadas, sofreram castigos físicos na escola para não usá-las e foram compelidos a se envergonhar delas. Mais de mil línguas faladas no Brasil foram minorizadas, silenciadas e extintas em cinco séculos. O Estado brasileiro só mudou seu discurso na nova Constituição de 1988, que reconhece aos índios o direito de usarem suas línguas originais como forma de exercer a sua cidadania e etnicidade.

Esse Brasil, que não se considerava um país plurilíngue, sequer sabia quantas línguas eram faladas em seu território. O Censo do IBGE, pela primeira vez, em 2010, contabilizou 274 línguas indígenas, a partir da autodeclaração dos falantes. Já os linguistas propõem que esse número oscila entre 160 a 180, considerando que muitas delas podem ser variações de uma mesma língua.

De lá para cá, registramos avanços. Professores indígenas foram capacitados para dar aulas a 250 mil crianças, em mais de 2.700 escolas interculturais, a maioria delas bilíngues. Foi criado em 2010 o Inventário Nacional da Diversidade Linguística, permitindo o IPHAN identificar algumas línguas indígenas como “línguas de referência cultural brasileira”. Universidades, museus e centros de pesquisas desenvolveram projetos para documentar as línguas em perigo e formaram alguns índios no mestrado e no doutorado em linguística.

Todas essas conquistas estão agora ameaçadas pela corrente ideológica que toma posse no dia 1º de janeiro. O presidente eleito com 57 milhões de votos anuncia que vai rever as demarcações de terras, que a diversidade atenta contra a unidade nacional, que vai “proporcionar meios para os índios se integrarem à sociedade e serem iguais a nós”. Nós quem, cara pálida? Quem quer ser igual a Jair Bolsonaro? Os 57 milhões que votaram nele? Será que assinam embaixo do lema “O Brasil acima de tudo, os índios abaixo de todos?” De qualquer forma, o Brasil oficial, governamental, parece estar de fora das comemorações do Ano Internacional das Línguas Indígenas.

Retrocesso

Estimulado por esse discurso, o agronegócio com seus jagunços já está afiando os cascos. Ataques pipocam em várias regiões do país. Em Pernambuco, pistoleiros invadiram a terra Pankararu, na quarta (26), e incendiaram a escola indígena, creche e posto de saúde. No Maranhão, na quarta (19), uma força policial retirou 160 famílias de índios Tremembé de suas terras e tratores destruíram as plantações cuidadas sem agrotóxicos. No Amazonas, sábado (22), capangas armados atacaram a base da Funai de proteção a índios isolados na Terra Indígena Vale do Javari. Em Mato Grosso do Sul, o martírio dos Guarani-Kaiowá é permanente. Um silêncio sepulcral na grande mídia, com raras exceções.

Nessa questão, enquanto parte da humanidade avança em direção à civilização, o Brasil retrocede à barbárie, ao esquadrão da morte formado por bandeirantes no período colonial, a Paulo de Frontin, presidente da “Comissão do Quarto Centenário do Descobrimento do Brasil”, que declarou em 1900 no seu discurso oficial de abertura das comemorações:

“O Brasil não é o índio; os selvícolas, esparsos, ainda abundam nas nossas magestosas florestas e em nada differem dos seus ascendentes de 400 anos atrás; não são nem podem ser considerados parte integrante da nossa nacionalidade; a esta cabe assimilá-los e, não o conseguindo, eliminá-los”.

Esse discurso obscurantista e genocida ganhou fôrça na ditadura militar de 1964. Muitos anos depois, um de seus ministros, Delfim Netto, suspeito de receber 15 milhões de reais em propinas relacionadas à construção da Usina de Belo Monte, foi objeto de busca e apreensão na Operação Lava-Jato em 9 de março de 2018. O “gordinho sinistro”, para retribuir o pagamento, desrespeitou as línguas indígenas fazendo “gracinha” nas páginas amarelas da VEJA:

– “Veja o caso do complexo hidrelétrico Belo Monte, no Rio Xingu. Por mais nobre que seja a questão indígena, é absurdo exigir dos investidores que reduzam pela metade a potência da energia prevista num projeto gigantesco, só porque doze índios cocorocós moram na região e um jesuíta quer publicar a gramática cocorocó em alemão”.

Esse é o espírito que anima o novo governo: truculência, deboche, ignorância, boçalidade. O movimento indígena e os “doze índios cocorocós” já estão organizando, por conta própria, as comemorações em defesa de suas línguas e de seus territórios. A resistência continua. Somos milhões de cocorocós, os índios e seus aliados.

P.S. O historiador mexicano Miguel León Portilla escreveu em nahuatl um belo poema Ihcuac tlahtolli ye miqui, cuja versão ao português Quando morre uma língua publicamos aqui em 2016. No Ano Internacional das Línguas Indígenas pedimos licença ao autor para ressuscitar as línguas nessa outra versão aqui recriada:

QUANDO UMA LÍNGUA VIVE

Quando uma língua vive,

se refletem nela

como num espelho

as coisas divinas, o universo:

estrelas, sol, lua. 

bem como as coisas humanas:

pensar, sentir, amar.

Quando uma língua vive

tudo o que existe no mundo,

mares e rios,

animais e plantas

são pensados e ditos

com sinais e sons

repletos de significados.

Quando uma língua está viva

se abrem, então,

a todos os povos do mundo

uma janela, uma porta,

o desabrochar diferente

de tudo aquilo que é ser e vida na terra.

Quando uma língua está viva

qualquer falante dela,

consegue renovar 

suas palavras de amor,

suas entoações de dor e querência,

ou – quem sabe? – seus velhos cantos,

suas histórias, discursos, preces.

Mas quando morre uma língua,

Ah! quando morre uma língua,

a memória fenece.

Espelhos quebrados para sempre,

sombra de vozes

silenciadas para sempre:

a humanidade se empobrece.

(http://www.taquiprati.com.br/cronica/1292-quando-morre-uma-lingua-version-en-espa)

 

LAS LENGUAS INDÍGENAS, BRASIL Y LA UNESCO EN 2019

José R. Bessa Freire – Diário do Amazonas –  30 de Dezembro de 2018

 “También la historia de América es la historia de sus lenguas: que tenemos que lamentar cuando ya muertas, que tenemos que visitar y cuidar cuando enfermas, que podemos celebrar con alegres cantos de vida cuando son habladas.

(Bartomeu Meliá – Pasado, presente y futuro de la lengua guaraní – 2010, pg. 27)

En una de las lenguas guaraní, el hombre denomina a su hermana: (t)xereindy, algo así como “luz de mi vida”. Por su parte, la mujer llama a su hermano: (t)xekywy, en una traducción libre: ‘aquél que está siempre a mi lado”. Eso entre otras formas de marcar con léxico específico las relaciones entre hermanos según el género y lugar que ocupan. La antropóloga guaraní Sandra Benites comenta:

– El hermano ampara y la hermana lo ilumina para que no se pierda en la oscuridad.

Ese modo único de nombrar las relaciones de parentesco y las demás cosas caracteriza cada una de las 6.700 lenguas del mundo, de las cuales 5 mil son indígenas, la mayoría en riesgo de extinción. Cada una de ellas guarda un tesoro cultural, entre otros, conocimientos sofisticados sobre el ecosistema, métodos de conservación, secretos para curar, misterios de la vida de las plantas, comportamientos de animales y de seres humanos, sistemas de clasificación, literatura oral, poesía, cantos –  todo eso acumulado en miles de años, que precisa ser estudiado y compartido con el mundo entero.

Sin embargo, según el irlandés David Crystal, en “La revolución del lenguaje”, a cada dos semanas desaparece una lengua, en un ritmo acelerado sin precedentes en la historia de la humanidad, lo que constituye un dato dramático y alarmante:

– Una lengua comienza a desaparecer cuando a sus hablantes se les expulsa de sus tierras o cuando la comunidad, por esa y otras razones pierde el deseo de preservarla. Si una lengua que nunca fue documentada muere, es como si jamás hubiera existido, porque no deja ningún vestigio” – dice Crystal.

All the world

Si el guaraní hablado en cuatro países desaparece del planeta, nadie llamará a su hermana “luz de mi vida”, porque esas formas poéticas de leer las relaciones fraternas desaparecen también. Lo que significa que la muerte de una lengua es tan catastrófica para la humanidad como la extinción de una planta o de un animal, porque con ella se pierden formas de imprimir sentido a las relaciones y de entender el mundo.

– La lengua es sagrada porque guarda el pensamiento de un pueblo. Si yo hablo en portugués la palabra casa, me trae a la memoria una construcción con paredes, pero en mi lengua Yaathé casa es cetutxiá, que significa ‘lugar de sonreír, de paz, de alegría – dice doña Taci, payé de Aguas Belas (PE), donde viven más de seis mil indios Fulniô, muchos de los cuales ya no usan la lengua que la payé, ya fallecida, insistía en usar siempre dentro de su cetutxiá. El portugués, como su segunda lengua, que aprendió en situación de conflicto, no le permite crear los sentidos poéticos y afectivos que compone en su lengua materna.

¿Cómo impedir este glotocídio? La ONU celebra el Año Internacional de las Lenguas Indígenas, en 2019, período en que la UNESCO promueve eventos en defensa de esas “lenguas en peligro”, consideradas moribundas o anémicas, y dará su aval a gobiernos, organizaciones indígenas, universidades y centros de investigación para realizar actividades en por lo menos 90 países donde las lenguas indígenas son habladas por 3% de la población mundial. Y ¿en Brasil?

Brazil out

Las lenguas indígenas, jamás reconocidas por las instancias de poder, fueron reprimidas o manipuladas en todo el continente americano a lo largo de su historia. Perdieron hablantes que tuvieron sus tierras usurpadas, sufrieron castigos físicos en la escuela para no usarlas, fueron humillados y presionados a avergonzarse de ellas. Más de mil lenguas habladas en Brasil fueron minorizadas, silenciadas y extintas en cinco siglos. El Estado brasileño solo mudó su discurso en la nueva Constitución de 1988, al reconocer que los indios tienen derecho a usar sus lenguas originales como forma de ejercer su ciudadanía y etnicidad.

Ese Brasil que nunca se consideró un país plurilingüe, ni siquiera sabía cuántas lenguas se hablaban en su territorio. El Censo de IBGE, por primera vez en 2010, contabilizó 274 lenguas indígenas, a partir de la auto-declaración de los propios hablantes, sin embargo, los lingüistas proponen un número que oscila entre 160 a 180, considerando que muchas pueden ser variedades de una misma lengua.

Desde entonces, registramos avances. Se capacitaron profesores indígenas para dar clases a 250 mil niños en más de 2.700 escuelas interculturales, la mayoría bilingües. Se creó en 2010 el Inventario Nacional da Diversidad Lingüística, permitiendo al IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) identificar algunas lenguas indígenas como “lenguas de referencia cultural brasileña”. Universidades, museos y centros de investigaciones desarrollaron proyectos para documentar las lenguas en peligro y algunos indios se graduaron en maestría y doctorado en lingüística.

Todas esas conquistas están ahora amenazadas por la corriente ideológica que toma pose el día 1º de enero. El presidente elegido con 57 millones de votos anuncia que va rever las demarcaciones de tierras, que la diversidad atenta contra la unidad nacional, que va “proporcionar medios para que los indios se integren a la sociedad para que sean iguales a nosotros”. ¿Nosotros? ¿Cómo así, cara pálida? ¿Quién quiere ser igual a Jair Bolsonaro? ¿Los 57 milllones que votaron en él? De cualquier forma, Brasil oficial parece estar fuera de las conmemoraciones del Año Internacional de las Lenguas Indígenas.

Retroceso

Estimulado por ese discurso, el agronegocio con sus sicarios ya está afilando los dientes, con ataques en varias regiones del país. En Pernambuco, pistoleros invadieron la tierra Pankararú, el miércoles (26), e incendiaron la escuela indígena, la guardería y el puesto de salud. En Maranhão, el miércoles (19), una fuerza policial retiró 160 familias de índios Tremembé de sus tierras y con tractores destruyeron las plantaciones cultivadas sin agro tóxicos. En Amazonas, el sábado (22), bandoleros armados atacaron la base de la Funai de protección a indios aislados en la Tierra Indígena Vale do Javari. En Mato Grosso do Sul, el martirio de los Guaraní-Kaiowá es permanente. Silencio sepulcral de los grandes medios de comunicación, con raras excepciones.

En esa cuestión, en cuanto parte de la humanidad avanza en dirección a la civilización, Brasil retrocede a la barbarie, al escuadrón de la muerte formado por bandeirantes del período colonial, a Paulo de Frontin, presidente de la “Comisión del Cuarto Centenario del Descubrimiento de Brasil”, que declaró en 1900 en su discurso oficial de apertura de las conmemoraciones:

– “Brasil no es el indio; los silvícolas, dispersos, que todavía abundan en nuestras majestuosas florestas y en nada difieren de sus ascendentes de 400 años atrás; no son ni pueden ser considerados parte integrante de nuestra nacionalidad; a esta cabe asimilarlos y, si no lo consigue, eliminarlos”.

Ese discurso oscurantista y genocida afloró en la dictadura militar de 1964. Muchos años después, uno de sus ministros, Delfim Netto, fue indiciado por recibir 15 millones de reales en sobornos relacionados a la construcción de la Usina de Belo Monte, y ahora fue objeto de busca y aprehensión en la Operación Lava-Jato el 9 de marzo de 2018. El “gordito siniestro”, para retribuir la coima, trató las lenguas indígenas con desprecio, en entrevista a las páginas amarillas de la revista VEJA:

– “Vea el caso del complejo hidroeléctrico Belo Monte, en el Rio Xingú. Por más noble que sea la cuestión indígena, es absurdo exigir de los inversionistas que reduzcan a la mitad la potencia de la energía prevista en un proyecto gigantesco, solamente porque doce indios cocorocós viven en la región y un jesuita quiere publicar la gramática cocorocó en alemán”.

Ese es el espíritu que anima al nuevo gobierno: truculencia, burla, ignorancia, estupidez. El movimiento indígena y los “doce indios cocorocós” ya están organizándose para celebrar, por cuenta propia, la defensa de sus lenguas y de sus territorios. La resistencia continúa. Somos millones de cocorocós, los indios y sus aliados.

P.S. El historiador mexicano Miguel León Portilla escribió en lengua nahuatl un bello poema Ihcuac tlahtolli ye miqui, cuya versión al portugués “Quando morre uma língua” publicamos en 2016. En el Año Internacional de las Lenguas Indígenas pedimos licencia al autor para resucitar las lenguas en esta otra versión:

CUANDO VIVE UNA LENGUA

Cuando vive una lengua

se reflejan en ella

como en un espejo

las cosas divinas y el universo:

estrellas, sol y luna;

las cosas humanas:

pensar, sentir, amar.

Cuando vive una lengua

todo lo que hay en el mundo,

mares y ríos,

animales y plantas

se piensan y se dicen

con susurros y sonidos

que ya no existen.

 

Cuando una lengua está viva

se abren, entonces,

a todos los pueblos del mundo

una ventana, una puerta,

un asomarse

de modo distinto

a cuanto es ser y vida en la terra.

 

Quando una lengua está viva

Sus hablantes

 Logran renovar 

sus palabras de amor,

sus entonaciones de dolor y querencia,

o tal vez sus viejos cantos,

sus historias, discursos, preces.

 

Pero cuando muere una lengua,

Ah! cuando muere una lengua,

la memoria se apaga.

Espejos para siempre quebrados,

sombra de voces

para siempre acalladas:

la humanidad se empobrece.

 

Edición digital nº +1277 – 09 Enero 2019

Las Lenguas Indígenas, Brasil y la Unesco

http://www.elorejiverde.com/el-don-de-la-palabra/4735-las-lenguas-indigenas-brasil-y-la-unesco

Ver também : Quando morre uma língua (http://www.taquiprati.com.br/cronica/1292-quando-morre-uma-lingua-version-en-espa