Educação brasileira no contexto da OCDE

Por Osiris Silva

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), sediada em Paris, reúne 35 países que aceitam os princípios da democracia representativa e da economia de livre mercado. A instituição procura, adicionalmente, gerenciar uma plataforma para comparar políticas econômicas, solucionar problemas comuns e coordenar políticas domésticas e internacionais. A maioria dos membros da OCDE é composta por economias com PIB per capita e IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) elevados, por isso considerados países desenvolvidos.  Apenas este ano o Brasil formalizou seu pedido de ingresso ao grupo.  Estudo da OCDE divulgado em setembro do ano em curso revela que o número de matrículas no ensino de terceiro grau (ensino universitário) encontra-se rapidamente em expansão, com expressivos retornos individuais e aos contribuintes. Evidenciam, todavia, que as universidades vêm falhando em relação à oferta, e os estudantes na busca de novos campos de estudo que prometam melhores oportunidades no mercado de trabalho. Vale dizer, os benefícios da educação universitária permanecem elevados, mas variam amplamente em todos os campos profissionais.

 

O estudo em tela – Education at a Glance 2017 (Um olhar sobre a Educação 2017) – inclui pela primeira vez análise em profundidade das áreas escolhidas vocacionalmente no terceiro grau. No conjunto dos 35 países da OCDE, business, administração e direito são as carreiras mais populares, escolhidas por cerca de um em cada quatro estudantes nos países pequisados. Em termos comparativos, vêm engenharia civil e de produção (16% das preferências), e, surpreendentemente, menos de 5% dos alunos procuram carreira de informação e tecnologia de comunicações, a despeito de que as graduações nestes campos ofereçam os mais altas taxas médias de de oferta de emorego dentre os países do grupo.

 

Adultos com graduação universitária galgam substanciais retornos de sua formação profissional.  Levam vantagem em torno de dez pontos percentuais no tocante à   maior probabiidade de obtenção de emprego, além do que, em 56% dos casos ganharão mais, em média, do que os que apenas completaram o ensino secundário. O maior gargalo junto aos países da OCDE diz respeito a que o sistema educacional precisa melhorar o nível de informação aos jovens sobre que carreiras efetivamente oferecem as melhores oportunidades para a vida. Segundo a OCDE, somente a educação equitativa e de alta qualidade pode melhor alimentar a realização pessoal tanto quanto o crescimento econômico. Com efeito, ao que sugere, os países devem elevar seus esforços de sorte a assegurar que o padrão educacional “meets the needs”, estejam ao nível dos anseios do estudante e que também seja capaz de capacitá-los em relação a suas aspirações futuras.

O fator educacional comprovadamanete está relacionado às melhores chances de sucesso na vida profissional. Em sentido contrário, os que ficam para trás pagam preço cada vez mais elevado em termos de piores empregos e mais baixos níveis salariais. De acordo com o estudo, 43% daqueles na faixa etária entre 25-34 anos no grupo da OCDE tinham, em 2016, o terceiro grau  completo. No ano 2000 eram apenas 26%. A participação nesse grupo etário (25-34 anos) que não completaram o segundo grau também caiu de 25% em 2000 para apenas 16% em 2016.

No que pertine ao cenário da educação brasileira, dados da OCDE de 2015 revelam que mais da metade dos adultos, com idade entre 25 e 64 anos, não tinham acesso ao ensino médio e 17% da população sequer chegaram a concluir o ensino básico. Os números estão muito abaixo da média dos países da OCDE, onde 22% de adultos não chegaram ao ensino médio e apenas 2% não concluíram o básico. No Brasil, o efeito desse desnível sobre a qualidade do ensino universitário e a produção de P&D é altamente preocupante. Está a exigir políticas públicas emergenciais capaz de reverter o quadro.

 

Manaus, 23 de outubro de 2017.