Homenagem: Ícone da fotografia amazonense, Corrêa Lima morre aos 85 anos em Manaus

Ele foi o primeiro fotógrafo a trabalhar para o jornal A Crítica, em 1949. O fotojornalista teve um Acidente Vascular Cerebral e lutava há 10 anos contra problemas de saúde.

Corrêa Lima acompanhou a construção da Suframa, do aeroporto Eduardo Gomes, do estádio Vivaldo Lima e outras obras. (Foto: Márcio Silva)

Morreu no último sábado (24), aos 85 anos, o primeiro fotógrafo do Jornal A Crítica, Corrêa Lima. Ele teve um Acidente Vascular Cerebral (AVC) e lutava há 10 anos contra problemas de saúde como hipertensão arterial (pressão alta) e diabetes.

Corrêa foi um dos maiores ícones da história na fotografia amazonense. Filho de Marcos e Francisca Corrêa. Nasceu no dia 03 de outubro de 1931. Teve uma infância humilde, mas sua trajetória de sucesso lhe proporcionou grandes contratos como repórter fotográfico em Manaus.

O fotógrafo é nascido em Eirunepé (a 1.150 km de Manaus) e foi morar na Capital ainda menino. Aos 16 anos já havia se apaixonado pela fotografia e dois anos depois conheceu Albertino Santos, o homem que o levou para a redação do jornal A CRÍTICA, onde fez o seu primeiro trabalho de fotógrafo profissional.

Chegou a morar cinco anos no Rio de Janeiro e quando retornou recebeu a missão de acompanhar o passo a passo da evolução da Cidade de Manaus. De todos os seus trabalhos, apenas um não conseguiu realizar: fotografar as malocas dos Waimiris-Atroaris, porque era um local perigoso e de difícil acesso. Sempre ético e dedicado a sua profissão fez centenas de seguidores e admiradores.

“A paixão pela fotografia começou por curiosidade, não fez cursos e nem faculdades específicas, pois na época não ofereciam nada em Manaus, mas trabalhou em vários jornais e ganhou o registro de fotógrafo. Sobre o jornal A CRÍTICA, ele comentava que iniciou seu trabalho quando ainda era na avenida Eduardo Ribeiro, uma sala pequena com apenas uma porta”, declara o seu filho mais velho, o advogado Marcos Delmar.

Experiência

Cenas importantes da evolução de Manaus foram capturadas pelas lentes do fotógrafo Corrêa Lima. Ele acompanhou a construção da Suframa, do aeroporto Eduardo Gomes, das estradas BR 319 e AM 174 e do estádio Vivaldo Lima.

64 anos foi o tempo de atuação de Lima como fotógrafo; começou em A CRÍTICA em 1949, passou pelo Diário da Tarde, O Jornal, A Gazeta, Laboratório Mesbla no Rio de Janeiro, foi fotógrafo oficial dos governos de Danilo Areosa, José Lindoso e João Walter e se aposentou como fotógrafo do extinto Departamento de Estradas e Rodagens do Amazonas (Der-AM);

Preto e branco

Fortemente requisitado nas décadas de 50 a 80, onde as fotografias coloridas estavam sendo introduzidas no Brasil, Corrêa não abandonou em nenhum momento um elemento essencial em sua fotografia, a ausência de cores.

“Meu pai priorizava pelas fotografias no preto e branco, pois falava que tinham mais durabilidade. Ele ressaltava a facilidade que as câmeras fotográficas proporcionam na captação das cenas e as que cores enfraquecem a emoção dos retratos e distraem o olhar nas cenas do cotidiano e das paisagens.

O fotógrafo era viúvo e deixou seis filhos. Era muito preocupado com eles e que além do hobby pela fotografia gostava de cozinhar e fazer caldos de peixes.

Em uma entrevista realizada com o Corrêa pelo jornal A CRÍTICA em 2014, na inauguração da Arena da Amazônia, o fotógrafo reprovou a derrubada do antigo estádio para a construção da arena.

“Isso foi um crime. Com tanta terra aqui em Manaus, acharam em derrubar logo o Vivaldão, que faz parte da história local. Dava para fazer escolas, centros de saúde e ainda preservar o campo para o futebol e ao redor dele para o atletismo. A manutenção disso é barata. A Arena era para ser construída do outro lado, pois agora temos boa acessibilidade pela Ponte Rio Negro”, enfatizou o grande repórter fotográfico que vivenciou por detrás das suas lentes grandes marcos históricos em Manaus.