FAEA defende interiorização da economia

Por Osiris Silva:

A expectativa da Federação Agricultura e Pecuária do Amazonas (FAEA), segundo seu presidente, Muni Lourenço da Silva Jr., em relação ao setor primário da economia do Amazonas pressupõe que “a atividade seja elevada à condição de prioridade no âmbito de uma política de Estado com vistas à geração de emprego e renda no interior. A Federação, adicionalmente, prioriza fortemente a questão social, posto que, segundo números do IBGE há 276 mil famílias que vivem da agricultura, da pecuária e do extrativismo no Amazonas”. Há de se ressaltar, adicionalmente, que, em relação ao PIB estadual, o setor agropecuário corresponde a apenas 3,6% do total, o industrial a 69,7% e o de prestação de serviços, a 26,5%.  Portanto, torna-se imperioso, conforme avalia Silva Jr. “a interiorização da nossa economia, incentivando atividades complementares à Zona Franca e ao Polo Industrial de Manaus (PIM)”. Nesse sentido, enfatiza, “entendemos como fundamental o suporte a políticas públicas em benefício da agropecuária amazonense visando, basicamente, a) o aumento da participação do setor no orçamento estadual a fim de que mais recursos financeiros sejam destinados à gestão técnica da SEPROR, b) priorizar o acesso aos serviços de assistência técnica e extensão rural em benefício dos pequenos e médios produtores rurais de forma a massificar o trabalho de orientação técnica e melhorar a produtividade, c) carrear ao setor primário mais investimentos em infraestrutura, pesquisa e inovação, educação formal e tecnológica”.

O setor preconiza haver fundada expectativa de que o Amazonas venha, num prazo razoável, diminuir sua dependência de importação de alimentos, em grande parte procedentes de outros estados, como Pará, Rondônia, Acre e Roraima. Para tanto, ao que defende a FAEA, importante considerar a vocação de áreas como o Sul do Amazonas, que vem se caracterizando como nova fronteira agrícola do Brasil em expansão. Por outro lado, merece especial destaque o setor avícola de postura implantado na zona rural de Manaus. Talvez o único segmento que atende praticamente a totalidade da demanda de ovos de galinha da região metropolitana. Pode-se, com segurança destacar que tal desempenho se deve ao sucesso empresarial e pioneirismo da tradicional Granja S. Pedro, líder máximo do segmento. O êxito alcançado pela empresa resulta, pelo menos, de dois fatores estruturais: a) ousadia do professor Assis Peixoto, seu idealizador e fundador, que, nos anos 1960, ousou investir no setor; b) ao intenso trabalho de seu sucessor, Francisco Peixoto, e sua equipe, que implantou com determinação, dedicação e eficiência  moderna estrutura organizacional e padrão de gestão empresarial; e c) à coragem do grupo empresarial em ultrapassar fronteiras, indo para Rondônia plantar milho transportado por balsas próprias para sua unidade de produção de ração em Manaus.

O presidente da FAEA, por seu turno, aponta que “o sucesso empresarial da Granja São Pedro se deve ao   talento e ousadia empreendedora, tradição e experiência no segmento de avicultura de postura, domínio de tecnologias e admirável capacidade de planejamento de logística, capaz de superar os gargalos próprios da região, como forma de viabilizar acesso a insumos e matérias primas não disponíveis no Estado”. No entanto, o Estado não produz milho, principal insumo para produção de ração animal. Nesse sentido, a “FAEA já formalizou junto à SEPROR a relevância da implementação de um programa fomentador da produção de milho no Amazonas, notadamente pela importância desse grão como componente básico para a atividade criatória e a produção de proteína animal”. A propósito, segundo Muni, “a EMBRAPA Amazônia Ocidental dispõe de pesquisas demonstrando a viabilidade econômica e ambiental da produção de milho no Estado tanto em várzea como em terra firme”. O setor confia que a nova matriz econômica proposta pelo governo estadual não haverá de ignorar essa realidade.

Manaus, 26 de outubro de 2016.