Racionamento à vista.

É evidente que o sistema elétrico brasileiro está no limite. Qualquer pico de consumo e vão ter que desligar como fizeram isso hoje em vários Estados e em Brasília.E vai ficando cada vez mais claro a outra Dilma, ou seja, a do mundo real, porque a da campanha, fabricada pelo marqueteiro João Santana é desmentida todos os dias pela dura realidade.

Vejam algumas notícias:

Do G1, em Brasília, por Fábio Amato:

Ministro diz que corte de energia não tem relação com alta no consumo

Segundo Braga, falta de luz ocorreu após falha em linha de transmissão.
Pelo menos 11 estados, além do DF, ficaram sem luz nesta segunda (19).

Cartaz informa que a circulação nos trens da Linha 4 Amarela em São Paulo foi interrompida pela falta de energia (Foto: Fernando Zamora/Futura Press/Estadão Conteúdo)
Cartaz informa que a circulação nos trens da Linha 4 Amarela em São Paulo foi interrompida pela falta de energia (Foto: Fernando Zamora/Futura Press/Estadão Conteúdo)

Onze estados mais o Distrito Federal registraram falta de energia elétrica por volta das 15h desta segunda-feria (19). Distribuidoras em estados das regiões Norte, Sul, Sudeste e Centro-Oeste disseram que reduziram o fornecimento de luz após uma orientação do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), o órgão responsável pela gestão de energia no país. Uma das distribuidoras, a Companhia Paulista de Força e Luz (CPFL), afirmou em nota que o corte foi programado, por determinação do ONS.

O ONS divulgou posicionamento oficial às 18h40. Em comunicado, o órgão afirma ter havido “restrições na transferência de energia das Regiões Norte e Nordeste para o Sudeste” que “aliadas à elevação da demanda no horário de pico, provocaram a redução na frequência elétrica”. A situação foi normalizada a partir das 15h45, diz o ONS.

O órgão também disse que adotou “medidas operativas em conjunto com os agentes distribuidores das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, impactando menos de 5% da carga do Sistema”.

A TV Globo apurou que o corte determinado pelo ONS foi de 3.000 MW em todo o país – isso representa 8% de tudo que é gerado de energia.

Esse pico de consumo aconteceu na semana passada todos os dias e não tivemos nenhum problema”
Eduardo Braga, ministro de Minas e Energia

Na noite desta segunda, porém, o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, negou que o corte de energia tenha sido consequência do pico de consumo de eletricidade no país registrado no início da tarde. Segundo ele, um problema técnico em uma linha de transmissão entre as regiões Norte e Sudeste do país foi a causa do corte.

“O pico de consumo houve. No entanto, se não tivesse havido esse problema técnico [na linha de transmissão], não teria tido [corte de energia]. Esse pico de consumo aconteceu na semana passada todos os dias e não tivemos nenhum problema”, disse Braga a jornalistas, ao deixar a sede do Ministério de Minas e Energia, em Brasília.

“No determinado momento do pico de demanda na região Sudeste, a linha de transmissão Norte-Sul teve um problema. Houve, portanto, uma variação de frequência e algumas usinas, por sistema de proteção, tiveram que ser desligadas, inclusive Angra I”, completou o ministro.

Braga informou que a causa do problema ainda não está esclarecida. De acordo com ele, a falha foi em um banco de capacitores da linha Norte-Sul mas, disse, falta explicar como ela levou a uma variação de frequência da energia e, consequentemente, ao desligamento das usinas, inclusive de maneira manual.

apagão 4 (Foto: Editoria de Arte/G1)apagão 4 (Foto: Editoria de Arte/G1)

“Isso [falha no banco de capacitores] implicou em uma redução de carga para que pudéssemos recompor a frequência da energia e, assim, fazer o religamento.” Amanhã, no Rio, uma reunião envolvendo técnicos do ministério, do Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) e agentes do setor vai tratar das causas do corte de energia.

Na quinta-feira passada, Braga disse em entrevista à Globonews que não há risco de racionamento de energia em 2015. “O que nós podemos garantir é: não há racionamento”, disse.

“Nós temos uma térmica básica suficientemente forte, e nós não tínhamos isso em 2001”, comparou na entrevista.

Momento crítico
O sistema elétrico brasileiro enfrenta um momento crítico por conta da falta de chuvas. Na região Sudeste, uma das maiores responsáveis pela geração de energia no país, os reservatórios das usinas hidrelétricas estão com 19% de sua capacidade, quando o esperadoera no mínimo de 40%.

Para o especialista em energia Adriano Pires, diretor do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), o que aconteceu pode ser classificado como racionamento forçado por geração insuficiente ou estrutura de transmissão insuficiente para atender a demanda (leia a entrevista).

A usina nuclear de Angra 1 também foi desligada. A ação é automática e acontece toda vez que há oscilação de energia na área da usina. O desligamento não ofereceu riscos, segundo comunicado da gestora da usina.

Blog do Camarotti

Planalto tenta blindar Dilma de fragilidade do sistema energético

O Palácio do Planalto tenta blindar a presidente Dilma Rousseff do noticiário negativo sobre a falta de energia em mais de 10 estados e no Distrito Federal. A determinação é deixar todo esclarecimento para o Operador Nacional do Sistema, o ONS. Até mesmo o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, foi orientado a não falar sobre o tema para não colocar o governo no foco.

A preocupação em blindar Dilma não é por acaso. Durante a campanha eleitoral do ano passado, ela garantiu que não havia risco de racionamento no país. No governo Lula, Dilma foi a principal responsável por comandar a área energética.

Apesar das negativas oficiais do governo, há a constatação em setores da área energética de que o sistema está fragilizado. Ou seja, não é só uma questão de temperatura elevada e falta de chuvas. Há uma carga excessiva de consumo, mas também existe o reconhecimento que o sistema energético brasileiro está desestruturado, sem capacidade de fazer novos investimentos.

Segundo o Blog apurou, por volta das 14h50 de hoje, distribuidoras de estados do Sudeste receberam uma determinação de cortar a carga. A redução de energia foi de 3.000 MW em todo o pais: são 8% de tudo que é gerado. Só no Rio de Janeiro, o corte foi de 570 MW. Em São Paulo, o corte chegou a 700 MW.

O motivo foi o pico de consumo em plena tarde que estava levando o sistema ao colapso. O consumo superou a capacidade de geração. Segundo um diretor de distribuidora ouvido pelo Blog, nesse verão, o pico de consumo de energia tem começado muito cedo, por volta das 14hs, e permanece até às 6hs da manhã do dia seguinte, quando as pessoas desligam o ar condicionado.

A situação só não está pior porque o consumo da indústria caiu 7%, com o desaquecimento do setor. Mesmo assim, a situação é crítica: os reservatórios do Sudeste estão com 19% de sua capacidade, quando o esperado era no mínimo 40% para este momento.

Dilma cobra esclarecimentos sobre falta de luz

 Desde que ocorreu a falta de luz em vários estados do país, a presidente Dilma Rousseff passou a cobrar esclarecimentos do Ministério de Minas e Energia. O titular da pasta, ministro Eduardo Braga, manteve Dilma informada a todo instante.

Em conversa telefônica, Braga admitiu ao Blog que a situação da estiagem é mais preocupante este ano. “Há uma forte estiagem. Pior do que no ano passado. Neste janeiro de 2015, há menos água nos reservatórios. O que é preocupante é que neste mês está chovendo bem menos do que neste mesmo período em 2014”, disse o ministro.

Mesmo assim, segundo ele, o corte de energia foi provocado por um problema na linha Norte-Sul, que liga a Hidrelétrica de Tucuruí à região Sudeste. Ele reforça que, na hora de pico, faltou 1 Mhz.  Por isso, a determinação do Operador Nacional do Sistema (ONS) de cortar a energia.

“O ONS recomendou corte na carga para restabelecer energia. Isso mostra uma situação emergencial”, afirmou Braga. “O calor tem feito aumentar muito o uso de ar condicionado. Mas não era para ter acontecido o corte de energia. Nada disso teria ocorrido se não tivesse o problema na linha Norte-Sul.”

Braga negou ao Blog que a paralisação da Linha 4 do metrô de São Paulo tenha relação com a decisão do ONS de determinar o corte de energia. “Não há uma relação direta. A Eletropaulo foi cobrada e informou que não havia relação”, disse Braga, repassando a responsabilidade ao governo de São Paulo, administrado pelo tucano Geraldo Alckmin.

E a conta começa a chegar…

 Por Cristiana Lobo:

O governo estava preparado para anunciar a notícia de aumento da Cide (que deve refletir no aumento da gasolina, tema muito caro ao consumidor), a volta de alíquota mais alta do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre crédito para pessoa física e aumento no imposto sobre cosméticos, quando foi surpreendido com outra notícia negativa: o apagão que atingiu oito Estados e o Distrito Federal.

Para evitar um colapso no sistema de transmissão de energia, o Operador Nacional do Sistema (ONS) determinou o corte seletivo do fornecimento de energia. Na prática, um apagão. E que acontece por força do aumento do consumo – e não por conta de um raio ou da queda de árvore, como já argumentou o governo em ocasião anterior. Este é um tema sensível ao governo. Afinal, Dilma candidata ano passado, garantia que não haveria apagão “em hipótese alguma”. E falava com a autoridade de quem é uma entendida do setor de energia.

Em 2001, quando houve o “apagão” no governo tucano, o “vilão” era um chuveiro elétrico e, assim, o pico do consumo acontecia por volta das 19h, quando as pessoas voltavam para casa. Agora, o pico se dá por volta das 15h, por conta do calor e do uso dos aparelhos de ar condicionado.

Se o vilão mudou, uma das razões é a mesma: a falta de planejamento. Resta saber como será a reação do governo. Em 2001, os tucanos criaram um comitê de gestão da crise e propôs ao país o racionamento do uso de energia. Até aqui, o governo petista negou o problema. Resta saber como será, agora, depois da eleição, diante do risco de se repetir o “corte seletivo” no fornecimento.

Durante muitos anos, havia no país a seguinte discussão: temos garantia de energia para o país crescer mais?Agora, o que aconteceu foi que o crescimento não veio de forma acentuada e já falta energia.