PSB decide por independência propositiva

PSB decide por independência propositiva

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O Partido Socialista Brasileiro (PSB) decidiu, em reunião com todos os membros de sua Executiva Nacional, adotar uma postura de independência propositiva em relação ao Governo Dilma Rousseff. O encontro aconteceu na sede do PSB, em Brasília-DF, nesta quinta-feira (27).

Carlos Siqueira, presidente Nacional do PSB, apresentou o documento com a posição de independência e também uma agenda política com o objetivo de enfrentar os desafios estratégicos que se apresentam ao Brasil e de diálogo com o Congresso e com a sociedade. Os dirigentes determinaram ainda que nenhum filiado está autorizado a ocupar cargos no Governo Federal.

O documento aprovado, por unanimidade, será transformado em resolução e representa parâmetros programáticos para orientar vereadores, prefeitos, deputados – estadual/distrital e federal – senadores e governadores em suas decisões políticas a respeito das propostas futuras do Governo Federal. Os pontos chave são:

– Novo Federalismo;
– Reforma Política, Eleitoral e Partidária;
– Política Econômica;
– Políticas Sociais;
– Saúde +10;
– Segurança Pública;
– Ampliação da Educação em Tempo Integral;
– Por um Novo Urbanismo;
– Pacto Anticorrupção;

Siqueira destacou o item nove, e explicou que o que o Partido mais precisa ficar atento e lutar é contra a corrupção que tem se tornado algo tão comum no âmbito político brasileiro. “Propomos um pacto visando coibir a corrupção e tornar transparente cada negociação de entidades públicas com as privadas”, disse.

Renato Casagrande, governador do Espírito Santo e presidente eleito da Fundação João Mangabeira (FJM) destacou que o documento está de acordo com o que foi defendido na campanha eleitoral deste ano, já que desde 2013 o PSB deixou a base aliada do atual Governo Federal.

“Temos outros pensamentos, é uma posição independente que coloca nosso Partido na vanguarda e faz com que os que desejam um novo Brasil nos procurem”, disse. Casagrande lembrou ainda que o objetivo é continuar levando as propostas com “divulgação e consistência Brasil afora para que todos os militantes filiados conheçam”.

O governador eleito de Pernambuco, Paulo Câmara, demonstrou satisfação por participar pela primeira vez como membro da Executiva. “O PSB, como todos sabem, está iniciando uma nova fase, mas uma nova fase em que o Partido está maduro, não tivemos êxito na candidatura a presidente, mas mostramos que temos foco, visão, coerência e futuro”, disse.

“Não conseguimos mostrar tudo aquilo que temos para melhorar o Brasil, mas temos os próximos quatro anos para manifestar isso. O documento busca justamente isso, aquele movimento de 2013, o Partido saiu do Governo Dilma, entregou os cargos e decidiu seguir um novo caminho. Esse documento mostra isso, o Partido quer mudar o Brasil, seguir o que Eduardo mostrava”, destacou Câmara.

Paulo Câmara ainda explicou que não irão virar as costas como oposição e dizer que está tudo errado, o Partido terá uma posição de Independência Propositiva justamente para conseguir escolher o melhor para o Brasil. “O Partido vai ouvir e entender se é o melhor para o País e se há conexão com o que defendemos, mas vamos lutar contra aquilo que defendemos”, alertou Câmara sobre as futuras propostas que poderão ser apresentadas pelo atual governo para aprovação.

Beto Albuquerque, deputado pelo Rio Grande do Sul, definiu a reunião como “oportuna e necessária” para o momento que o Partido vive. “Depois de um ano repleto de adversidades, tragédia e acontecimentos, cada um de nós dedicou e alcançamos um bom resultado”, disse.

“Caminhar no sentido da independência parece ser a marca que mais vimos nas reuniões do Partido. A palavra independência tem mais a cara do partido desde o dia que saímos do Governo Federal. Oposição já do Aécio”, explicou Beto.

O deputado lembrou ainda que 2015 será um ano muito difícil, não só para o PSB como Partido, mas para cada brasileiro. “Precisamos, antes de tudo, estar juntos nesse momento”, salientou. “Essa nossa decisão não pode olhar só para dentro do PSB, o grande desafio dessa determinação é perceber que há no País 51 milhões de brasileiros que nos viram como oposição, mais os 30 milhões que não votaram. Eles mostraram que não acreditam no governo que está ai” alertou Albuquerque.

Geraldo Julio, prefeito do Recife, alertou que a decisão que seria tomada na reunião seria muito séria. “Só ouvir a Executiva seria o necessário, mas Carlos Siqueira teve a iniciativa de ouvir cada membro e, assim, chegamos aqui conhecendo a opinião, necessidade e posição de cada um, cada estado, cada movimento”.

O prefeito avaliou este ano como o mais importante ano eleitoral que o partido já enfrentou e, também a mais dura perda. “Eduardo representou nossos ideais, estávamos percorrendo um novo caminho, mas a tragédia nos fez viver e nos faz viver ainda um momento muito duro, mas o mais importante é o PSB ter unidade e, assim, sair preservado”, avaliou Geraldo.

“Eu acompanhei o processo de escuta e pude ver que as ideias estavam carregadas de argumentos e estudos, mas todas convergiam pra dizer que esse é o momento que o Partido precisa se revelar mais PSB do que nunca”, disse Geraldo Julio.

Rodrigo Rollemberg, governador eleito no Distrito Federal, destacou que o Partido vive hoje um momento muito delicado. “Vivemos uma campanha bastante diferente e intensa, mas no final entendo que o PSB se consolidou ainda mais”, disse.

“Nossa responsabilidade é muito grande, tivemos que fazer uma escolha muito difícil no segundo turno e o PSB foi corajoso o suficiente para decidir. Agora, teremos quatro anos muito difíceis e complicados”, alertou Rollemberg.

O novo governador da Capital Federal destacou que a decisão de não autorizar a participação de nenhum dos membros socialistas no Governo Federal irá fortalecer o momento que o PSB vive. “Essa posição, desse documento, expressa a maturidade do nosso partido e isso é o q é mais importante nesse momento para o PSB e a maior contribuição q nós podemos dar ao Brasil”, concluiu Rodrigo.

Julio Delgado, deputado federal por Minas Gerais, avaliou como mais que importante a discussão do PSB devido a situação em que o País se encontra. “Uma coisa é o que está escrito e outra é o que está acontecendo. É que, o governo sabe e nós também que eles não têm condições de mudar o que está acontecendo. Lembram que Eduardo falava que Dilma estaria entregando o Governo pior do que ela recebeu por qualquer outro? Ela está entregando para ela mesma”, lembrou.

Mari Trindade, secretária Especial, afirmou que esta pode ser a decisão mais importante que o PSB esteja tomando em relação aos rumos do Partido nos próximos anos. “Nós tivemos um posicionamento em segundo turno que não foi fácil, não deu certo, mas mais de 51 milhões de brasileiros queriam essa mudança”, relatou.

“Nós temos que continuar nessa caminhada. Entendo que o que construímos realmente é independência”, disse Mari Trindade.

Siqueira explicou que os itens tema da reunião abrangem muito mais do que o que está no papel e que convém a cada membro avaliar qual a melhor forma de trabalhar esses pontos. Sendo que cada reunião de 2015, já marcada, terão temas a serem desenvolvidos.

O presidente do Partido também entregou a todos os presentes um calendário com todas as datas das reuniões – Executiva Nacional, Diretório Nacional e Conselho de Presidentes Estaduais – previstas para o ano de 2015.