Transporte Público

Por Marcelo Ramos:

Não se enfrenta um dos maiores problemas com um dos menores orçamentos.
Em qualquer pesquisa de opinião feita sobre os problemas da cidade de Manaus certamente transporte público estará entre os 5 primeiros. Assim, era de se esperar que o orçamento do órgãos da Prefeitura responsável (Superintendência Municipal de Transportes Urbanos) estivesse entre os 5 maiores orçamentos.
Não é o que acontece!
Para o ano de 2015 a PMM tem um orçamento de R$ 4.485.516.000,00, quase 4,5 bilhões de reais, dos quais apenas R$ 38.271.000,00, menos de 40 milhões, estão destinados ao SMTU.
Ou seja. O orçamento do órgão que cuida do transporte público em Manaus representa menos de 1% (0.85%) do total do orçamento da PMM para 2015. Isso não tem como dar certo.
Importante registrar que essa não é uma postura do atual prefeito, mas de todos os que passaram pela Prefeitura nos últimos anos.
É urgente construir um Pacto Pelo Transporte Público que passe necessariamente pelo incremento do orçamento do SMTU, incluindo no órgão uma verba para ações de infraestrutura e para restruturação do quadro de pessoal, valorizando os que lá estão e realizando concurso público.
Deve fazer parte do Pacto um acordo entre PMM, Governo do Estado e Governo Federal para revisar o projeto de aplicação dos recursos do PAC Pro-Transporte destinados a Manaus, na ordem de 1,8 bilhão de reais, abandonando a incerteza do monotrilho para outros modais mais baratos, mais rápidos e mais adequados à nossa realidade, como VLP (Veículo Leve Sob Pneus), por exemplo.
Há também um aspecto educativo nesse Pacto que é o desafio de fazer a população entender que não há solução para o caos no trânsito de Manaus que não passe pela melhoria do transporte coletivo e que, se preciso for, isso deve se dar ainda que em prejuízo do transporte individual, sob a lógica óbvia de que um veículo que transporta 100 pessoas deve ter prioridade nas ruas em relação a outro que transporta no máximo 4 pessoas.
Por fim. É necessário o reconhecimento dos modais não-motorizados como a bicicleta e os deslocamentos a pé, planejando a construção de ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas e apresentando um plano de recuperação de calçadas e arborização da cidade.
A inclusão do tema Mobilidade Urbana no diálogo entre o Prefeito Artur Neto e o senador eleito Omar Aziz, como noticiado, é um bom sinal, mas pouco ainda diante do tamanha do desafio.
Prefeitura e Governo precisam tomar a decisão política firme de enfrentar a questão do transporte coletivo e priorizar as ações nessa área, caso contrário, seguiremos com nada mais que boas intenções e soluções paliativas e sem nenhuma ou com muito pouca efetividade.