Carta de Renata à Eduardo Campos

Dudu, um dia você me presenteou com esses versos: “As pessoas não se precisam, elas se completam. Não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida”. Parece que Mário Quintana sabia direitinho tudo que vivemos desde que começamos nossa vida juntos, eu com 13 anos e você, 15.

Há um mês, nossos filhos perderam um maravilhoso pai e eu, o melhor marido. Hoje sentimos saudade de seu sorriso generoso, seu abraço carinhoso, da alegria da sua presença. Sentimos falta de lhe ver chegar em casa, muitas vezes acompanhado de amigos, contando histórias e procurando saber das novidades da vida de cada um. Sentimos falta dos conselhos e da postura sempre firme para resolver as coisas e escolher os caminhos, afinal, como você bem nos ensinou “não podemos dar intimidade a problemas, temos que resolvê-los”. Nossa perda é irreparável, mas o Brasil ganhou um exemplo.

De todos os lugares, vieram orações, mensagens de apoio, manifestações de respeito e admiração. Somos gratos por todas. Foi do amor, da solidariedade e da fé que extraímos força para suportar essa dor.

O Brasil lhe descobriu e chora conosco sua perda. E está sendo belo, Dudu, ver que você se tornou aquilo que acreditava. Você se transformou em seus ideais. Sua vontade de melhorar a vida das pessoas, sua luta e sua resistência se transformaram em coragem pra mudar. O homem se tornou ideia. E, como diz aquela frase de Victor Hugo que você tanto gostava “não há nada mais poderoso do que uma ideia cujo tempo chegou”.

Pode ficar tranquilo. Sua bandeira é agora a bandeira de todos os brasileiros. Seu amor e sua dedicação são nossa maior herança. Não, não vamos desistir do Brasil. Estaremos sempre juntinhos no amor, nos sonhos e na fé.

Com muito amor e saudade,

Renata, Maria Eduarda, João, Pedro, Zé e Miguel.