Agenda do futuro

Por Aécio Neves

Assim como a média do mundo emergente, vamos crescer nas próximas décadas.

A maneira como vamos crescer é que fará toda a diferença.

Para haver desenvolvimento é preciso ampliar as oportunidades geradoras de renda, criar empregos de melhor qualidade e incluir mais brasileiros nesse círculo virtuoso, superando o modelo que nos faz refém de circunstâncias políticas que preservam feudos e interesses e perpetuam o atraso.

Todos os dias o governo nos apresenta números buscando nos tranquilizar de que estamos no caminho certo. Mas vale a pena nos debruçarmos também sobre indicadores que mostram como o Brasil é visto pelo mundo.

Somos hoje a 7ª economia do planeta, com 41% dos moradores urbanos ainda sem acesso à rede de esgoto e com 43% dos domicílios inadequados para moradia, número que chega a 60% no Nordeste e a 72% no Norte.

A OCDE indica apenas 11% dos brasileiros de 25 a 64 anos com diploma universitário.

Perdemos três posições no indicador de negócios do Banco Mundial em apenas um ano. Saímos da 124ª para a 127ª classificação. No ranking geral de competitividade global do Fórum Econômico Mundial perdemos nove posições desde 2004. Somos o 10º mercado doméstico, mas o 111º em ambiente macro econômico e 114º na eficiência de mercado. Ocupamos o 105º lugar em qualidade das rodovias num ranking de 139 países.

O Brasil da Copa do Mundo perdeu sete posições em dois anos no indicador de competitividade do turismo. Saímos da 45ª para a 52ª.

Como se vê, é preciso vencer uma extensa agenda de grandes tarefas. Precisamos de políticas públicas que construam pontes para negócios portadores de um futuro mais justo e sustentável.

Temos todas as condições para nos tornarmos o primeiro país desenvolvido com economia de baixo carbono, com ampla produção de energias renováveis e práticas industriais, comerciais e agrícolas competitivas e sustentáveis.

Viveremos nas próximas duas décadas com mais pessoas em idade produtiva, que se somam às terras férteis, ricas em água, minérios e incomparável biodiversidade. O salto do que somos para o que queremos ser demanda uma inédita capacidade coletiva de superação de entraves importantes, que têm aprisionado o país no plano das promessas irrealizadas.

Diferente do simples crescimento econômico, desenvolvimento é consequência das escolhas que fazemos. E precisamos, cotidianamente, reafirmar as nossas por uma nação ética, mais justa, mais competitiva e sustentável.

É necessário que as ações governamentais sejam mais ousadas e capazes de criar um novo relacionamento com o setor produtivo e novos pactos com a sociedade